quinta-feira, 30 de março de 2023

12ª sessão do curso livre sobre O Brasil Duzentos Anos Depois

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O Brasil Oitocentista e o tráfico transatlântico de escravos.

Em 1823, na época da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrade e Silva, uma das mais importantes figuras do novo país, condenou moralmente o tráfico de escravos e atribuiu a culpa pela sua existência a Portugal. Poder-se-ia, por isso, pensar que os brasileiros iriam pôr fim a esse horrível negócio, tanto mais que, logo de seguida negociaram e assinaram com a Grã-Bretanha um tratado que prometia fazê-lo. Porém, não foi isso que aconteceu.

A presente aula procurará mostrar por que razões a importação de escravos africanos era importantíssima para o Brasil, nomeadamente para a sua indústria açucareira, e explicitará as características e o volume dessa importação, desde o início até à sua supressão na década de 1850.


terça-feira, 28 de março de 2023

Palestra das últimas quintas-feiras do mês - 30.03.2023

 Henrique Moreira escultor de memórias da 1.ª Grande Guerra

J. A. Gonçalves Guimarães

Resumo:   

Escultor nascido em Avintes, Vila Nova de Gaia, Henrique Moreira (1890-1979) frequentou a Academia Portuense de Belas Artes, onde foi aluno de José de Brito, Marques da Silva e Teixeira Lopes. Tendo concluído o curso de escultura em 1911, estagiou na oficina deste último, tendo também colaborado (com Sousa Caldas) na concretização da parte escultórica do Monumento à Guerra Peninsular de Alves de Sousa e Marques da Silva implantado na cidade do Porto. Distinguiu-se depois com encomendas da Comissão dos Padrões da Grande Guerra, sendo mesmo o escultor português que maior número de exemplares produziu neste âmbito. Autor de uma obra muito mais vasta e diversificada, nas suas três principais modalidades que praticou, estes monumentos evocativos são também um aspeto importante da sua obra.

Entrar na reunião Zoom
https://us02web.zoom.us/j/89412091360?pwd=TEdxVVM2TWpFZWpSdDNLV2JVUXlyZz09

ID da reunião: 894 1209 1360
Senha de acesso: 152468

quarta-feira, 15 de março de 2023

11ª sessão do curso livre sobre O Brasil Duzentos Anos Depois

A música e a dança urbana entre o Brasil e Portugal (1770-1830)

Notícias sobre a música e as danças urbanas luso-brasileiras, entre a primeira metade do século XVIII e as primeiras décadas do século seguinte, foram registadas em textos de escritores teatrais, poetas, cronistas e por viajantes estrangeiros, tornando-se uma importante referência para a identificação de práticas socioculturais, ainda que generalizadas, tanto em Portugal como em terras brasileiras. Através da análise de alguns desses textos é possível identificar práticas musicais e danças coletivas da tradição europeia e afro-brasileira, como um exercício para o entendimento das formas com que essas tradições irão se misturar e proporcionar o desenvolvimento de outros gêneros, alguns inclusive adquirindo o estatuto de música e dança nacional. Pretendemos nesse curso associar as informações musicais que estejam vinculadas não somente à canção urbana, em que se destaca a modinha e o lundum, mas também às outras danças coletivas que, independente de seus locais de origem ou prática, configuram-se como elementos essenciais para entendermos a socialização dos grupos, no período supracitado, convertendo-se, ao longo do século XIX, em obras musicais utilizadas como entretenimento doméstico pela burguesia luso-brasileira.

Rodrigo Teodoro de Paula

quarta-feira, 1 de março de 2023

10ª sessão do curso livre sobre O Brasil Duzentos Anos Depois

Brasil e o Vinho do Porto

António Barros Cardoso

As relações entre a cidade do Porto e o Brasil, remontam à chegada dos portugueses aquelas terras em finais do século XV. O relato de Pero Vaz de Caminha, ele próprio um morador na cidade do Porto, não deixa dúvidas sobre os laços de forte complementaridade entre a capital do norte de Portugal e as mais importantes urbes portuárias das várias capitanias do Brasil. Tais laços alimentaram um comércio que sempre foi cobiçado pelas comunidades de estrangeiros que cedo se fixaram aqui na capital do Norte de Portugal. Afinal perseguiam o objetivo comum de beneficiarem das trocas comerciais transatlânticas que enriqueceram as duas partes. Esta relação é alimentada também pela forte ligação humana entre as gentes do Norte e os povoadores da antiga colónia portuguesa. Primeiro foram o açúcar e o tabaco brasileiros (séculos XVI e XVII). Depois foi o negócio de Vinhos do Porto (primeira metade do Século XVIII em diante). Parte substancial dos negócios do Porto com o Brasil, manteve-se ao longo da primeira metade do século XVIII, nas mãos dos mercadores portugueses, mas muito por imperativo dos tratados celebrados com os nossos parceiros comerciais no século anterior. Por isso, no que aos vinhos diz respeito, foram também os nacionais que exportaram maiores quantidades de vinhos destinados aos portos do Brasil. Afastados do trato vinícola direto ou indireto pela criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756-1777), os estrangeiros fixados na cidade do Porto, por si ou em sociedades que envolviam mercadores portugueses, voltaram a assumir algum protagonismo (finais do século XVIII) nas compras da grande variedade de produtos brasileiros que afluíram ao Porto que voltava a servir de entreposto de ligação comercial entre o Brasil a Inglaterra a Holanda a Bélgica, Hamburgo a Itália e a vizinha Espanha. Ao mesmo tempo, continuavam a chegar ao Brasil os “mimos” da produção agrícola e industrial do Norte de Portugal, ocupando aqui os vinhos do Porto um lugar destacado.

• Professor Aposentado da Universidade do Porto – Faculdade de Letras; Presidente da Direção da Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho APHVIN.