quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eça & Outras Agosto

Escavações arqueológicas em São Salvador do Mundo,
S. João da Pesqueira








Um aspecto dos trabalhos

Entre 26 de Julho e 10 de Agosto uma equipa do Gabinete de História, Arqueologia e Património da Confraria Queirosiana, dirigida pelo arqueólogo J. A. Gonçalves Guimarães, procedeu a escavações arqueológicas na área de uma construção da Época Moderna – uma galeria porticada ou alpendre – existente no santuário de São Salvador do Mundo, S. João da Pesqueira, dando assim continuidade aos trabalhos de estudo e valorização patrimonial deste emblemático miradouro duriense iniciados por aquela entidade em 2005 e já divulgados em diversas publicações.
As escavações revelaram que a construção foi implantada numa área de forte declive sobre batólitos de granito, tendo o desnível sido preenchido com terras provenientes das imediações repletas de vestígios arqueológicos desde o período neolítico, com especial relevância para a Idade do Ferro, da qual, para além de cerâmica doméstica e de construção, foram encontrados outros elementos que confirmam uma intensa presença de factores de romanização no século IV, o século de Constantino o Grande, e ainda da Idade Média.
Todos estes abundantes vestígios apontam para a ocupação do Ermo de uma forma continuada desde a Pré-história Recente até à actualidade, sendo previsível que, com a continuidade dos trabalhos, venham a ser postas a descoberto as estruturas habitacionais, ou outras, daquelas épocas, pesem embora as adaptações que o sítio foi tendo sobretudo desde o século XVII.
Esta intervenção, devidamente autorizada pelo Ministério da Cultura através do IGESPAR, foi possível graças à colaboração da Comissão Fabriqueira da Paróquia de São João da Pesqueira, entidade gestora do santuário, e teve o patrocínio do respectivo Município.
A equipa de trabalho contou com a colaboração de vários profissionais de Arqueologia e Património daquele Gabinete e dos serviços culturais da autarquia, e ainda de diversos jovens do Programa de Ocupação de Tempos Livres, e da Associação Cultural Amigos de Pereiros.






A equipa deste ano


OUTRAS

Eça em Cortes, Leiria

Sobre o Abade de Cortegaça, de O Crime do Padre Amaro, em casa de quem se reuniam os padres de Leiria que muito apreciavam a sua famosa «cabidela de caça», numa série de artigos publicados no Jornal das Cortes (Leiria), entre Janeiro e Junho de 1991, agora reunidos no volume Re Cortes do jornal daí. As Cortes da Pré-história à Actualidade. Leiria: Jornal das Cortes, 1997, que nos fez chegar à mão, o Eng.º Carlos Fernandes aventa a hipótese de, mais uma vez, Eça ter disfarçado com um falso nome, ou topónimo neste caso, a identidade de um dos seus personagens que verdadeiramente existiram, o qual, em vez de abade de Cortegaça, se deveria ter chamado abade de Cortes, a freguesia de Leiria que poderá ter servido para alguns elementos iconográficos e tipológicos de O Crime do Padre Amaro. O autor não afirma, mas conclui, como outros já assisadamente o fizeram, que «Eça era dotado de imaginação suficiente para pegar nos tipos e recriá-los sem necessidade de os colocar nos seus locais de origem. E esse será o motivo pelo qual se respira no seu romance um ambiente que é possível ver aqui e além mas que não corresponderá necessariamente a um local ou a uma povoação definidos».E isso é verdade para todos os romances e outros escritos de Eça; como artista, o escritor descreve um mundo sincrético e ideal que pouco tem a ver com a realidade da geografia. O seu Realismo é outro: não é corográfico nem biográfico.
Mais identificáveis, porque biográficos e não literários, serão os «... seus amores em terras de Lis» de Manuel Paula Maça, artigo publicado naquele jornal a 9 de Julho de 1990 e agora neste livro a páginas 257. Assim, e citando o autor Júlio de Sousa e Costa, o escritor ter-se-à tomado de amores por uma lindíssima Maria José; teve também «amores recatados» com uma dama viúva de trinta e poucos anos que acabará por lhe preferir um oficial do exército e ainda, segundo outros autores incluindo João Gaspar Simões, com a Baronesa do Salgueiro, com quem terá sido apanhado «em flagrante» pelo marido numa noite de baile de Carnaval lá em casa em 1871. Não bastando tudo isto e segundo José Marques da Cruz em Eça de Queirós - Sua Psique, publicado em São Paulo, Brasil em 1943, também aqui citado, Eça terá deixado em Leiria um filho natural «parecido com o pai», que acabou poeta lírico e humorístico.
E, além de tudo isto e da administração do distrito, Eça teve ainda tempo para escrever O Crime do Padre Amaro!




Eça em castelhano

Pela mão do queirosiano Eng.º Ricardo Charters d’Azevedo chegou-nos à mão a noticia do estudo de Alicia Langa Laorga, intitulado Eça de Queiroz - Testigo Y critico de la sociedad portuguesa, publicado em Espanha em 1996, mas cremos que ainda sem tradução portuguesa. A autora chegou a apresentar em 1995 um resumo deste seu trabalho no II Colóquio sobre História de Leiria, tendo sido publicado nas respectivas Actas.
Naquele seu trabalho aborda a biografia do escritor, a cidade de Leiria como “cidade levítica” e, por fim, o enquadramento local, social e épocal de O Crime do Padre Amaro.

Evocação de herói da Guerra peninsular

Nos passados dias 14 e 15 de Julho o Solar Condes de Resende e o Gabinete de História, Arqueologia e Património dos ASCR-Confraria Queirosiana estiveram representados, através do director daquelas instituições e da investigadora Maria de Fátima Teixeira, no Colóquio “200 anos após as Invasões Francesas”, organizado pela Câmara Municipal de Leiria e pela Universidade de Coimbra e que se realizou no Instituto Politécnico de Leiria. Na ocasião foi apresentada a comunicação «Manuel Pamplona Carneiro Rangel (1774 - 1849), combatente da Guerra Peninsular» da autoria de J. A. Gonçalves Guimarães e de Susana Guimarães, que estão a elaborar a biografia deste militar, depois agraciado com o título de Visconde de Beire, antigo proprietário da Quinta da Costa, em Canelas (hoje Solar Condes de Resende), e bisavô dos filhos de Eça de Queirós. Deverá ser lançada em 2009 aquando da evocação da 2.ª Invasão.

Curso sobre Eça de Queirós

Em colaboração com a Academia Eça de Queirós, o Solar Condes de Resende vai iniciar em Outubro próximo um Curso Livre sobre «Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época» com início no dia 11 de Outubro, e ao ritmo de dois sábados por mês, entre as 15 e as 17 horas, ao longo de doze sessões. Os temas serão apresentados por alguns dos maiores especialistas em Literatura e História portuguesas da segunda metade do século XIX, estando já confirmada a presença dos professores Isabel Pires de Lima, Luís Manuel de Araújo, Maria Teresa Lopes da Silva, J. A. Gonçalves Guimarães e Nuno Resende. As inscrições já estão abertas, pagando os interessados uma pequena propina de frequência que lhes dá direito, para além da aquisição de conhecimentos resultantes da mais recente investigação naquelas áreas, a um certificado de frequência.

Outros cursos livres

Para além do curso acima referido, continua no Solar Condes de Resende o curso livre sobre «Pintura e outras expressões plásticas», dirigido pelo professor e pintor Ariosto Madureira, formado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (actual Faculdade).
Em Outubro próximo recomeçará o Curso de Danças de Salão e um curso de inglês para iniciados.

Página dos Amigos do Solar Condes de Resende
- CONFRARIA QUEIROSIANA
Nº 46 – Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008
Endereço:
ASCR-Confraria Queirosiana
Solar Condes de Resende
Travessa Condes de Resende
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Coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães,
mesário-mor da Confraria Queirosiana;
Colaboradores: Fátima Teixeira.

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