quarta-feira, 18 de maio de 2011

Resultados da 1ª Campanha Castelo de Crestuma

CASTELO DE CRESTUMA (VILA NOVA DE GAIA

– RESULTADOS DA 1ª CAMPANHA DE ESCAVAÇÕES (RESUMO)


A 1ª campanha de trabalhos arqueológicos no Castelo de Crestuma (Vila Nova de Gaia) foi realizada entre 2 e 27 de Agosto de 2010 e envolveu uma equipa profissional de cerca de 20 pessoas, entre arqueólogos, assistentes de arqueólogo, estudantes e outros técnicos. Os trabalhos foram promovidos pelo Gabinete de História e Arqueologia e Património (ASCR-CQ), no âmbito de um programa de trabalho desenvolvido em colaboração com o Parque Biológico de Gaia, EEM, principal entidade financiadora do projecto.
Os trabalhos tiveram lugar em dois diferentes pontos daquele sítio arqueológico: no topo do Castelo (sector A) e num areal a Poente, junto ao rio Douro (sector P). Neste último sector, as duas sondagens realizadas, que ainda não foram concluídas, não proporcionaram por enquanto a identificação de níveis arqueológicos de ocupação, mas apenas estratos de abandono e aterro, com grande quantidade de espólio arqueológico tardo-antigo e medieval. No sector A, onde os depósitos de cobertura são pouco profundos ou inexistentes, a intervenção permitiu localizar mais de uma centena de entalhes feitos na rocha, quer do tipo conhecido como “buracos de poste”, quer aplanamentos e outro género de interfaces, para além de restos de muretes em pedra relativamente frustres, não permitindo por enquanto uma cabal interpretação da natureza das construções que aí existiram.

O espólio arqueológico recolhido aproxima-se dos 17.800 objectos e é constituído na sua larguíssima maioria, como é normal, por fragmentos de cerâmica, quer de louça doméstica, de várias épocas, quer essencialmente por material cerâmico de construção, tegula e imbrex de tipo romano, algum tijolo e outros elementos.
Foram ainda exumados cerca de uma centena de fragmentos de peças em vidro, na sua quase totalidade tardo-romanos; mais de meia centena de objectos metálicos, em ferro na sua maioria, sendo feitos em bronze quatro deles, e mais de três dezenas de artefactos em pedra, incluindo sobretudo pesos em xisto. As amostras de escória, aparentemente todas elas resultantes da redução de ferro ultrapassaram a centena. Recolheram-se ainda numerosas amostras de sedimentos, carvões, sementes, etc.,
De acordo com os estudos e conclusões preliminares a cronologia geral de ocupação do sítio situar-se-á entre os séculos IV e VII, podendo nesse período ter existido na área de Favaios uma estrutura portuária ou de atracagem, considerando a diversidade e quantidade de espólio ali encontrada e um conjunto de grandes pedras trabalhadas ao modo romano detectadas nas proximidades. Pela mesma época o topo do morro do Castelo pode ter tido uma estrutura fortificada, para defesa do porto contíguo, estando ainda em aberto a possibilidade de neste local elevado a ocupação humana antiga se ter estendido até depois do século VII ou ter existido uma reocupação do período da Reconquista Cristã (séculos IX-XI), considerando algumas cerâmicas medievais de aspecto mais tardio ali encontradas.

GUIMARÃES, J. A. Gonçalves Guimarães; SILVA, António Manuel S. P.; PINTO, Filipe M. Soares; SOUSA, Laura C. P. – Programa de investigação arqueológica e valorização cultural do complexo arqueológico do Castelo de Crestuma - Vila Nova De Gaia. Projecto Castr’uíma. Relatório da 1ª Campanha de trabalhos arqueológicos (2010). Vila Nova de Gaia: Gabinete de História, Arqueologia e Património (ASCR/CQ). Texto dactilografado

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