sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Licenciados para trabalho à tarefa


Os Amigos do Solar Condes de Resende-Confraria Queirosiana, mediante protocolo com a Gaianima, EM, aceitam inscrições de licenciados preferencialmente em História, História da Arte, Arqueologia, Património e Antropologia para trabalharem por turnos na equipa de investigadores e guias do Solar Condes de Resende. O pagamento é feito contra recibo verde.
Os interessados deverão enviar o seu curriculum, endereço e telemóvel para:
queirosiana@hotmail.com / queirosiana@gmail.com ou para:
Solar Condes de Resende
Tv. Condes de Resende, 110
4410-264 Canelas, V. N. Gaia

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Grande Capítulo Anual

Sábado, 22 de Novembro de 2008

Inscrições

Caros Amigos e Confrades:

Como habitualmente vai a Confraria levar a efeito a sua grande festa anual conforme o programa no verso.
Contamos com a presença de todos num programa sempre diferente.
Para participar mande-nos a sua inscrição por carta, fax ou email, acompanhada do respectivo pagamento em cheque ou transferência bancária até ao dia 10 de Novembro.
Devido ao facto de contratarmos uma empresa de catering para o serviço de jantar, só podemos aceitar inscrições, acompanhadas do respectivo pagamento, até aquela data.

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Sim, pretendo participar nas próximas Comemorações Queirosianas no Solar Condes de Resende no próximo dia 22 de Novembro, sábado, nos seguintes aspectos do programa, para o qual envio o respectivo pagamento.

Grande Capítulo (grátis para sócios e confrades) □
Jantar no Solar - 50€ □
acompanhantes não sócios - 60€ □
Pretendo ser entronizado como Confrade
(preço do diploma, trajo e insígnia) - 200€ □

Baile das Camélias (grátis para os acima indicados) □

Assinatura


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Grande Capítulo anual
Sábado, 22 de Novembro de 2008 – 17,30 horas
Solar Condes de Resende

Programa



17,30h
- Concentração dos Confrades no Solar Condes de Resende

18h
- Recepção dos novos confrades, convidados, individualidades, autoridades e outras confrarias na antiga cozinha do Solar.
- Certo Ser: instalação artística baseada no conto Adão e Eva de Eça de Queirós, por Raul Ferreira.

18,15h
- Salão Nobre - Constituição da Mesa e abertura do Capítulo; actuação musical.
- Insigniação dos novos confrades e confrades de honra.
- Lançamento do nº 5 da Revista de Portugal, nova série.
- Apresentação do livro O Marquês de Soveral Homem do Douro e do Mundo de J. A. Gonçalves Guimarães.
- Apresentação das Confrarias presentes.
- Discurso de encerramento da cerimónia de insigniação.
- Homenagem a Eça de Queirós na sua estátua existente no Jardim das Camélias e memória dos confrades ausentes.

20h
- Jantar queirosiano.

22h
- Baile das Camélias com actuação de grupo de Danças de Salão.



A Mesa da Confraria

sexta-feira, 3 de outubro de 2008




Faleceu
Fernando Peixoto, historiador,
professor e homem do Teatro


Hoje, dia 3 de Outubro, no Centro Hospitalar de Gaia onde se encontrava devido a doença grave, faleceu Fernando Aníbal Costa Peixoto, professor da Escola Superior Artística do Porto e investigador de História Contemporânea.
Nascido em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, desde muito novo se dedicou à escrita, tendo publicado novelas, poemas e ensaios, sobretudo sobre teatro, tendo ele próprio sido autor, encenador, actor e professor das artes do palco. Fez a sua licenciatura em História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde em 1995 concluiu o Mestrado em História Moderna e Contemporânea, tendo a doença que o vitimou impedido de defender a sua tese de doutoramento escassos dias antes do seu falecimento, a qual tem por título «Do corporativismo ao modelo interprofissional. O Instituto do Vinho do Porto e a evolução do sector do Vinho do Porto (1933-1995)».
Participou em vários congressos e outras manifestações culturais, tendo publicado inúmeros trabalhos, de entre os quais se destacam Diogo Cassels: uma vida em duas margens (2001) e História do Teatro Europeu (2006).
Como presidente da Junta de Freguesia de Santa Marinha, para além de uma total devoção aos problemas das gentes do Centro Histórico de Gaia e do Vinho do Porto, promoveu diversas manifestações culturais marcantes, como a realização das suas 1as Jornadas de História Local e a divulgação da vida e obra de notáveis filhos da terra com sucesso pelo mundo.
Exerceu a docência em várias escolas, sendo ultimamente professor na Escola Superior Artística do Porto. Foi agraciado com vários prémios como estudante, homem de Teatro e investigador.
Era sócio fundador dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana, membro do seu Gabinete de Historia, Arqueologia e Património e académico
fundador da Academia Eça de Queiroz, além de membro de outras instituições culturais e científicas.
Definir Fernando Peixoto em poucas palavras não é fácil: ocorrem-nos os lugares comuns de homem generoso, lutador, esforçado, gaiense com uma visão ampla do mundo e das coisas, consciente da vida e dos seus problemas, admirador dos seres abnegados e com missão para cumprir, investigador das minorias, defensor dos perseguidos e marginalizados, fascinado pelo Teatro como Arte maior, investigador do Vinho do Porto que levou o Rio Douro, os seus mareantes e o cais de Vila Nova de Gaia a todo o Mundo.
Mas tudo isto não resume quem foi esse grande Amigo e essa grande Alma que os que o conheceram, que com ele trabalharam, estudaram ou conviveram, acabam de perder. Bebamos um Porto em sua memória e continuemos a ler as suas obras, muitas das quais a serem publicadas em breve ou um dia destes. Como o Rio Douro, que ele tanto amou, a sua vida e a sua obra continuarão a correr.

A Direcção dos Amigos do Solar Condes de Resende
Confraria Queirosiana

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Curso livre Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época

programa quase definitivo

Outubro – Dia 11 – 15-17 horas
Tema: Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época.
Professora: Isabel Pires de Lima

Outubro – Dia 25 – 15-17 horas
Tema: A biografia e os biógrafos de Eça de Queirós
Professor: J. A. Gonçalves Guimarães

Novembro – Dia 8 – 15-17 horas
Tema: A vingança do chinês – chinoiserie e a imagem da China em O Mandarim
Professor: Arie Pos

Novembro – Dia 29 – 15-17 horas
Tema: Eça de Queirós no Egipto e na Síria Palestina
Professor: Luís Manuel de Araújo

Dezembro – Dia 13 – 15-17 horas
Tema: A música na obra de Eça de Queirós.
Professor: Mário Vieira de Carvalho

Dezembro – Dia 27 – 15-17 horas
Tema: Os culies na vida de Eça de Queirós.
Professora: Maria Teresa Lopes da Silva

2009

Janeiro – Dia 10 – 15-17 horas
Tema: Os “Vencidos da Vida”: Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo.
Professor: J. A. Gonçalves Guimarães

Janeiro – Dia 24 – 15-17 horas
Tema: a indicar
Professor: a indicar

Fevereiro – Dia 7 – 15-17 horas
Tema: A Arte na segunda metade do século XIX.
Professor: José Manuel Tedim

Fevereiro – Dia 21 – 15-17 horas
Tema: A vida quotidiana no tempo de Eça de Queirós
Professor: Nuno Resende

Março – Dia 7 – 15-17 horas
Tema: As correntes do pensamento pós-darwiniano.
Professor: Carlos Fiolhais

Março – Dia 21 – 15-17 horas
Tema: Eça de Queirós e a Literatura contemporânea
Professor: Isabel Pires de lima

Programa em fase de acerto final. Não é ainda o programa definitivo. Dentro destes parâmetros o programa pode ser alterado em termos de sequência de professores e temas, mantendo todavia o formato geral.
O Curso sobre Eça de Queirós realiza-se no Solar Condes de Resende, Canelas, Vila Nova de Gaia, a partir de 11 de Outubro de 2008, nas datas indicadas entre as 15 e as 17 horas. Implica inscrição e pagamento prévio.
Contactar: 227625622/227531385

Eça & Outras Agosto

Escavações arqueológicas em São Salvador do Mundo,
S. João da Pesqueira








Um aspecto dos trabalhos

Entre 26 de Julho e 10 de Agosto uma equipa do Gabinete de História, Arqueologia e Património da Confraria Queirosiana, dirigida pelo arqueólogo J. A. Gonçalves Guimarães, procedeu a escavações arqueológicas na área de uma construção da Época Moderna – uma galeria porticada ou alpendre – existente no santuário de São Salvador do Mundo, S. João da Pesqueira, dando assim continuidade aos trabalhos de estudo e valorização patrimonial deste emblemático miradouro duriense iniciados por aquela entidade em 2005 e já divulgados em diversas publicações.
As escavações revelaram que a construção foi implantada numa área de forte declive sobre batólitos de granito, tendo o desnível sido preenchido com terras provenientes das imediações repletas de vestígios arqueológicos desde o período neolítico, com especial relevância para a Idade do Ferro, da qual, para além de cerâmica doméstica e de construção, foram encontrados outros elementos que confirmam uma intensa presença de factores de romanização no século IV, o século de Constantino o Grande, e ainda da Idade Média.
Todos estes abundantes vestígios apontam para a ocupação do Ermo de uma forma continuada desde a Pré-história Recente até à actualidade, sendo previsível que, com a continuidade dos trabalhos, venham a ser postas a descoberto as estruturas habitacionais, ou outras, daquelas épocas, pesem embora as adaptações que o sítio foi tendo sobretudo desde o século XVII.
Esta intervenção, devidamente autorizada pelo Ministério da Cultura através do IGESPAR, foi possível graças à colaboração da Comissão Fabriqueira da Paróquia de São João da Pesqueira, entidade gestora do santuário, e teve o patrocínio do respectivo Município.
A equipa de trabalho contou com a colaboração de vários profissionais de Arqueologia e Património daquele Gabinete e dos serviços culturais da autarquia, e ainda de diversos jovens do Programa de Ocupação de Tempos Livres, e da Associação Cultural Amigos de Pereiros.






A equipa deste ano


OUTRAS

Eça em Cortes, Leiria

Sobre o Abade de Cortegaça, de O Crime do Padre Amaro, em casa de quem se reuniam os padres de Leiria que muito apreciavam a sua famosa «cabidela de caça», numa série de artigos publicados no Jornal das Cortes (Leiria), entre Janeiro e Junho de 1991, agora reunidos no volume Re Cortes do jornal daí. As Cortes da Pré-história à Actualidade. Leiria: Jornal das Cortes, 1997, que nos fez chegar à mão, o Eng.º Carlos Fernandes aventa a hipótese de, mais uma vez, Eça ter disfarçado com um falso nome, ou topónimo neste caso, a identidade de um dos seus personagens que verdadeiramente existiram, o qual, em vez de abade de Cortegaça, se deveria ter chamado abade de Cortes, a freguesia de Leiria que poderá ter servido para alguns elementos iconográficos e tipológicos de O Crime do Padre Amaro. O autor não afirma, mas conclui, como outros já assisadamente o fizeram, que «Eça era dotado de imaginação suficiente para pegar nos tipos e recriá-los sem necessidade de os colocar nos seus locais de origem. E esse será o motivo pelo qual se respira no seu romance um ambiente que é possível ver aqui e além mas que não corresponderá necessariamente a um local ou a uma povoação definidos».E isso é verdade para todos os romances e outros escritos de Eça; como artista, o escritor descreve um mundo sincrético e ideal que pouco tem a ver com a realidade da geografia. O seu Realismo é outro: não é corográfico nem biográfico.
Mais identificáveis, porque biográficos e não literários, serão os «... seus amores em terras de Lis» de Manuel Paula Maça, artigo publicado naquele jornal a 9 de Julho de 1990 e agora neste livro a páginas 257. Assim, e citando o autor Júlio de Sousa e Costa, o escritor ter-se-à tomado de amores por uma lindíssima Maria José; teve também «amores recatados» com uma dama viúva de trinta e poucos anos que acabará por lhe preferir um oficial do exército e ainda, segundo outros autores incluindo João Gaspar Simões, com a Baronesa do Salgueiro, com quem terá sido apanhado «em flagrante» pelo marido numa noite de baile de Carnaval lá em casa em 1871. Não bastando tudo isto e segundo José Marques da Cruz em Eça de Queirós - Sua Psique, publicado em São Paulo, Brasil em 1943, também aqui citado, Eça terá deixado em Leiria um filho natural «parecido com o pai», que acabou poeta lírico e humorístico.
E, além de tudo isto e da administração do distrito, Eça teve ainda tempo para escrever O Crime do Padre Amaro!




Eça em castelhano

Pela mão do queirosiano Eng.º Ricardo Charters d’Azevedo chegou-nos à mão a noticia do estudo de Alicia Langa Laorga, intitulado Eça de Queiroz - Testigo Y critico de la sociedad portuguesa, publicado em Espanha em 1996, mas cremos que ainda sem tradução portuguesa. A autora chegou a apresentar em 1995 um resumo deste seu trabalho no II Colóquio sobre História de Leiria, tendo sido publicado nas respectivas Actas.
Naquele seu trabalho aborda a biografia do escritor, a cidade de Leiria como “cidade levítica” e, por fim, o enquadramento local, social e épocal de O Crime do Padre Amaro.

Evocação de herói da Guerra peninsular

Nos passados dias 14 e 15 de Julho o Solar Condes de Resende e o Gabinete de História, Arqueologia e Património dos ASCR-Confraria Queirosiana estiveram representados, através do director daquelas instituições e da investigadora Maria de Fátima Teixeira, no Colóquio “200 anos após as Invasões Francesas”, organizado pela Câmara Municipal de Leiria e pela Universidade de Coimbra e que se realizou no Instituto Politécnico de Leiria. Na ocasião foi apresentada a comunicação «Manuel Pamplona Carneiro Rangel (1774 - 1849), combatente da Guerra Peninsular» da autoria de J. A. Gonçalves Guimarães e de Susana Guimarães, que estão a elaborar a biografia deste militar, depois agraciado com o título de Visconde de Beire, antigo proprietário da Quinta da Costa, em Canelas (hoje Solar Condes de Resende), e bisavô dos filhos de Eça de Queirós. Deverá ser lançada em 2009 aquando da evocação da 2.ª Invasão.

Curso sobre Eça de Queirós

Em colaboração com a Academia Eça de Queirós, o Solar Condes de Resende vai iniciar em Outubro próximo um Curso Livre sobre «Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época» com início no dia 11 de Outubro, e ao ritmo de dois sábados por mês, entre as 15 e as 17 horas, ao longo de doze sessões. Os temas serão apresentados por alguns dos maiores especialistas em Literatura e História portuguesas da segunda metade do século XIX, estando já confirmada a presença dos professores Isabel Pires de Lima, Luís Manuel de Araújo, Maria Teresa Lopes da Silva, J. A. Gonçalves Guimarães e Nuno Resende. As inscrições já estão abertas, pagando os interessados uma pequena propina de frequência que lhes dá direito, para além da aquisição de conhecimentos resultantes da mais recente investigação naquelas áreas, a um certificado de frequência.

Outros cursos livres

Para além do curso acima referido, continua no Solar Condes de Resende o curso livre sobre «Pintura e outras expressões plásticas», dirigido pelo professor e pintor Ariosto Madureira, formado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (actual Faculdade).
Em Outubro próximo recomeçará o Curso de Danças de Salão e um curso de inglês para iniciados.

Página dos Amigos do Solar Condes de Resende
- CONFRARIA QUEIROSIANA
Nº 46 – Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008
Endereço:
ASCR-Confraria Queirosiana
Solar Condes de Resende
Travessa Condes de Resende
4410-264 Canelas V.N.GAIA - PORTUGAL
Tel. 227531385; Fax: 227625622
Telemóvel: 968193238
Cte. nº 506285685
NIB: 001800005536505900154
IBAN: PT50001800005536505900154
Email:
queirosiana@hotmail.com
confrariaqueirosiana.blogspot.com
Coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães,
mesário-mor da Confraria Queirosiana;
Colaboradores: Fátima Teixeira.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Lançamento do Livro Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo

Convite

António José Lima Costa, presidente da Câmara Municipal de São João da Pesqueira e confrade de honra da Confraria Queirosiana, convida todos os sócios e confrades dos Amigos do Solar Condes de Resende – CQ a estarem presentes na Vindouro – Festa do Vinho, no lançamento do livro Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo, de J. A. Gonçalves Guimarães e produzido pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património, o qual terá lugar no próximo dia 6 de Setembro, sábado, na Praça da República, São João da Pesqueira, pelas 17,30 horas, sendo a obra apresentada pelo Prof. Doutor António Barros Cardoso da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.


S. João da Pesqueira, 25 de Agosto de 2008


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Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo/The Marquis de Soveral, Son of the Douro, Man of the World, por J. A. Gonçalves Guimarães, versão inglesa de Karen Bennett. Município de São João da Pesqueira/Gailivro Edições.


Nascido em 1851 em São João da Pesqueira na Quinta de Cidrô, filho de uma família de proprietários durienses da nobreza regional ligada à Corte e à diplomacia, Luís Maria Pinto de Soveral viria a ser o diplomata mais famoso de Portugal e, como tal, ainda hoje é lembrado em Inglaterra.
Tendo frequentado no Porto a Academia Politécnica, matriculou-se na Escola Naval em Lisboa na Companhia dos Guardas Marinha, mas tudo leva a crer que a sua formação de marinheiro foi feita na armada britânica. Doutorou-se depois em Lovaina em Ciências Políticas, iniciando logo a seguir a carreira diplomática, tendo passado pelas legações de Berlim e Madrid, até se fixar em Londres, onde se empenhou na resolução da difícil situação das relações luso-britânicas logo após o Ultimatum, que culminaram no 2º Tratado de Windsor de 1899.
Conheceu e conviveu com todos os reis e imperadores da Europa, incluindo o Papa e o Presidente da República Francesa e, como Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo português, teve um importante papel nas relações de Portugal com as potências europeias e com as respectivas colónias africanas.
Nos anos oitenta fez parte de “Os Vencidos da Vida”, o grupo jantante de intelectuais que acreditava que Portugal se poderia modernizar e colocar ao nível da Europa de então, do qual faziam parte Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, entre outros, os quais consideravam o próprio Rei D. Carlos confrade suplente do grupo.

Durante a sua estadia em Inglaterra tornou-se íntimo do Rei Eduardo VII e das mais importantes personalidades da sua corte. A Rainha Victória condecorou-o e a Rainha Alexandra tinha por ele um enorme apreço. Dele se contam várias histórias cujas peripécias, por inusitadas, entre a ousadia e o charme, acabaram por originar o adjectivo soveralesco. Porém, na realidade, quase só se conhece a sua vida pública, pois, já depois de retirado, recusou um generoso pagamento de um jornal americano para escrever as suas memórias. Mas permaneceu como uma figura incontornável da Bèlle Époque, que podemos encontrar num livro de Sherlock Holmes, em quase todas as revistas ilustradas do seu tempo ou, mais recentemente, numa série da BBC. Era tido como o homem mais elegante de Londres que ditava a moda em Piccadilly e, para as senhoras, the most charming man. Para além destes atributos, pelo menos em jovem, tocava guitarra e cantava o fado e, quando no estrangeiro oferecia um jantar, aos amigos brindava-os com um prato de bacalhau acompanhado com champanhe.
Tendo-se demitido do seu cargo após a implantação da República, passou a ser uma espécie de conselheiro de D. Manuel II no exílio, partilhando com ele o seu amor à pátria e a defesa dos interesses de Portugal no mundo.
Como homem do Douro, onde foi proprietário e produtor de vinhos, participou oficialmente na defesa da denominação “Porto” a nível mundial, e jamais esqueceu a sua terra natal e os seus anseios.
Grande português sem dúvida, acabou os seus dias em Paris em 1922, tendo a acompanhá-lo nos últimos momentos a Rainha D. Amélia, que por ele nutria grande estima desde os anos de dedicação ao serviço do Rei D. Carlos e de Portugal como diplomata, como ministro, como conselheiro, como amigo de todas as horas. Foi sepultado como um príncipe na cripta da igreja de Saint Piérre de Chaillot e, anos depois, quando esta sofreu grandes obras, foi transladado para jazigo particular no cemitério Père Lachaise.
Na embaixada de Portugal em Londres existe o seu retrato pintado por Medina, mas, fora das memórias da diplomacia, é hoje praticamente desconhecido aquele que foi um dos portugueses mais famosos do seu tempo a nível internacional. Este livro, na realidade a sua primeira biografia, escrito por J. A. Gonçalves Guimarães, historiador que se tem devotado ao estudo das relações do Vale do Douro com o mundo, nomeadamente no século XIX e autor de numerosos trabalhos sobre o país do Vinho do Porto, apresenta as facetas documentadas da vida do português que, segundo a escritora inglesa Virgínia Cowes, era «encantador, urbano, polido e espirituoso. Adorava mulheres e era tido como o melhor dançarino da Europa» e, citando Sir Frederick Ponsonby, um seu contemporâneo, «ele era universalmente popular em Inglaterra…onde fez amor com todas as mais belas mulheres e onde todos os homens importantes eram seus amigos». Agora que Portugal se encontra na ribalta política da Europa e do Mundo através da participação de personalidades portuguesas em lugares de destaque, esta biografia, muito ilustrada, apresenta também a versão inglesa do texto por Karen Bennett, com o objectivo de que os estrangeiros, sobretudo os que visitam o Douro, conheçam os antecedentes portugueses do Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo, edição conjunta do Município de São João da Pesqueira e das Edições Gailivro.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Eças & Outras - Julho

EÇA DE QUEIRÓS E A EMIGRAÇÃO


Muitos escritores portugueses escreveram sobre esse desígnio nacional que é a emigração. O estar para além das serras ou oceanos sempre foi uma constante na maneira de ser portuguesa, herdada de povos migrantes que aqui nos moldaram sobre o fundo étnico indígena: mediterrânicos, germânicos e nórdicos, que por aqui passaram deixaram-nos nos cromossomas o elemento da irrequietude, que a terra magra, as elites estúpidas e as contingências dos tempos transformaram em fatalidade.
Se há alguém que tem obrigação de entender o que é isso de ter de deixar a terra menina são os portugueses; mas uns entendem mais e outros menos.
Se há escritor português que lidou de perto e por dentro com o fenómeno migratório foi Eça de Queirós. Desde pequenino que a sua peregrinação de lar em lar começou cedo: Póvoa, Vila do Conde, Aveiro, Porto, Coimbra, Lisboa, Évora, Egipto, Palestina, Líbano, Leiria, Cuba, Estados Unidos, Canadá, Newcastle, Bristol, Angers, Vila Nova de Gaia, Paris, Londres, Sintra, Baião, Viena de Áustria, Cascais, Serpa, Suíça, são apenas os pontos de referência maiores deste andarilho por vilas, cidades e países, onde às vezes regressou repetidamente, e onde viu o estrangeiro, o culie, ou o emigrado que ele, afinal, também era.
Mas, além do mais, Eça era um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros e essa sua especialização profissional levou-o a deixar-nos um relatório notável de rigor sobre o problema da emigração, escrito em 1874, mas que só viu a letra impressa em 1979 pela mão de Raúl Rego e, mais recentemente, pela de Isabel Pires de Lima e de José Lello, com edições em 2000 e 2001 nas Publicações D. Quixote, mas que creio definitivamente esgotadas, onde deixou pensamentos como estes: «[a emigração] estabelece a fusão das raças, cria novos tipos de humanidade e novas originalidades de temperamento» (2.ª edição, pág. 125/126); «perante a emigração qual deve ser a atitude dos governos? Evidentemente uma simples interferência policial... A emigração é uma lei económica e como tal tem de ser abandonada à sua evolução natural. Acelerá-la é perigoso; reprimi-la é inútil» (idem, p. 145); «... o proibir a emigração livre é inútil, é criar uma outra bem mais deplorável - a emigração clandestina - , é fazer entrar o homem na nova vida do trabalho pela porta da desobediência» (idem, p. 148), terminando por afirmar e fazer a apologia « da emigração como força civilizadora», a última frase do seu texto que deu o título às referidas edições.
Face ao que a Comunidade Europeia legislou recentemente sobre migrantes só podemos concluir que Bruxelas nunca leu este relatório do consul Eça de Queirós. E Lisboa, que se apressou a seguir as suas directivas, também não. Reclama-se pois uma nova edição deste texto que Eça de Queirós escreveu vai para 134 anos, mas agora traduzido para as vinte e tal línguas do “alargamento”. Enquanto é tempo, pois como daí se infere, a Europa tem aprendido pouco consigo própria e começa a renegar a sua própria civilização.

J. A. Gonçalves Guimarães

OUTRAS

DOUTOR EM HISTÓRIA DA SAÚDE

No passado dia 23 de Junho, o nosso confrade Augusto José Moutinho Borges apresentou na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa as suas provas de doutoramento na área de Ciências da Vida, especialização em História das Ciências da Saúde, com a tese “Os Reais Hospitais Militares em Portugal administrados e fundados pelos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus (1640 - 1834)”, orientada pelo Prof. Doutor Luis Nunes Ferraz de Oliveira, tendo sido arguentes a Prof. Doutora Amélia Ricon Ferraz, directora do Museu de História da Medicina Maximiano Lemos e professora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e o Prof. Doutor Vitor Serrão da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O júri atribui-lhe a classificação de muito bom com distinção e louvor por unanimidade.

Legenda - Doutor Augusto José Moutinho Borges; fotografia do semanário A Guarda

S. TIAGO DA ESPADA PARA QUEIROSIANO

No passado dia 10 de Junho, o Presidente da Republica agraciou com a ordem de S. Tiago da Espada, grau comendador, o Prof. Doutor Carlos Reis, catedrático da Universidade de Coimbra, actual reitor da Universidade Aberta, grão-louvado da Confraria Queirosiana, autoridade académica em assuntos ecianos e defensor do novo Acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa. Esta condecoração, que se junta às que tem recebido no país e no estrangeiro, distingue uma carreira notável em prol da Cultura Portuguesa.

O Primo Basílio na TV

No passado dia 17 de Junho a TV Globo Portugal repôs uma mini-série baseada no romance de Eça de Queirós, adaptado por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho, com um elenco de luxo em que pontuam Tony Ramos, Marília Pêra, Giulia Gamm e Marcos Paulo, que interpreta o primo. Mais uma notável contribuição para a divulgação da obra do grande escritor português que os brasileiros tanto apreciam.

VENCIDOS DA VIDA

Comemorando os 120 anos do aparecimento de “Os Vencidos da Vida”, o Turf Club de Lisboa organizou em 2007 um ciclo de conferências sobre sete dos seus antigos sócios que integraram aquele grupo. Essas conferências apareceram agora em livro em edição conjunta com a Tribuna da História.
Em Setembro próximo será lançado na Vindouro, em São João da Pesqueira, a biografia de um dos “Vencidos” com o título Marquês de Soveral homem do Douro e do Mundo, do historiador J. A. Gonçalves Guimarães, versão em português e inglês (assinada pela tradutora Karen Bennette), edição muito ilustrada.

EÇA E CAMILO

Pela Parceria A. M. Pereira, o incontornável A. Campos Matos acaba de lançar o livro A Guerrilha Literária Eça de Queiroz - Camilo Castelo Branco, tão belo quanto didáctico, tão agradável quanto proveitoso, tão surpreendente como sólido, pois está lá tudo o que quiser saber sobre as relações literárias entre os dois gigantes da Literatura Portuguesa da segunda metade do século XIX. Guerrilha literária? Talvez assim se possa chamar à enorme admiração que tinham um pelo outro, a despeito da diferença cronológica de vinte anos que os separava, as modas literárias e os percursos diversos, com alguns pontos biográficos e geográficos comuns. E também os seus amuos, ciumeiras e má-língua que ambos deixaram escapar pelo sucesso do outro, às vezes em manifestações tão mesquinhas quanto inúteis. Mas, que se há-de fazer, os grandes escritores nem sempre se livram facilmente dos tiques darwinianos mais comuns. Gostaríamos que fossem só génio, mas quase sempre são também muito humanos e, às vezes, muito mauzinhos. Leia, que vai gostar e, pelo menos nisto, sentir-se-á igual a Eça e a Camilo, no que ambos tinham de pior.



O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA

A Lusomundo editou recentemente o DVD com aquele título, de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, adaptado por Jorge Paixão da Costa. Da edição, para além desta versão do conhecido policial, fazem parte comentários do realizador, cenas cortadas, o evitável final alternativo, essa estúpida concessão ao público mais própria de séries foleiras, mas a que as audiências “obrigam”, e, o que talvez tenha mais interesse, a rodagem do filme e os problemas da recriação da época, para além de um olhar sobre a obra dos dois escritores (ver notícia na página Eça & Outras n.º 31, de 25 de Maio de 2007.

IMPRESSÕES DO ORIENTE

No Museu Nacional de Arqueologia (Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa) abriu ao público no passado dia 7 de Julho a exposição fotográfica «Impressões do Oriente. De Eça de Queirós a Leite de Vasconcelos», com imagens captadas nas últimas décadas do século XIX e princípio do século XX em diversos países e lugares relacionados com as antigas civilizações do Próximo Oriente. Ali estão presentes os manuscritos que Eça redigiu sobre a sua famosa viagem com o Conde de Resende realizada em 1869.

UM RECANTO DE HUMANIDADE

No passado dia 22 de Junho faleceu o Dr. Manuel Soares Gonçalves, confrade queirosiano, natural de Canelas, Vila Nova de Gaia, onde nasceu em 1936. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi dirigente da JOC, proponente da SEDES e membro do PPD aquando da sua fundação.
Conhecido advogado, deixou expressas a sua propensão humanista e preocupações sociais no livro Um Recanto de Humanidade, recentemente editado por Edições Gailivro, onde em pequenas crónicas recorda figuras e factos da meninice e da escola primária na sua terra natal, então marcada por uma intensa ruralidade, embora situada ao lado da estrada nacional que levava ao Porto e ao Mundo. Um sentido testemunho de um tempo passado em que, tal como agora, alguns poucos engordavam à custa da pobreza cada vez mais magra da maioria que trabalha. O livro é sobre estes últimos porque os restantes passam na narrativa todos de automóvel, a correr, ficando deles apenas o fumo negro e espesso dos que não querem que sobre eles se escrevam estórias e muito menos História. Por isso mal se dá por eles neste livro de des(encanto), como que um testamento de afecto que o autor logrou legar num estreito amplexo em que irmanou a sua pequena humanidade de ao pé da porta.
Manuel Soares Gonçalves deixou uma grata saudade em todos aqueles que com ele privaram, e que hão-de reler este livro em tardes vagarosas debaixo das camélias do Solar Condes de Resende, «que fica a poucos metros da casa onde nasci e da minha Escola» como deixou escrito no exemplar que ofereceu ao seu Centro de Documentação.

Retrato: Dr. Manuel Soares Gonçalves

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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Eça & Outras Junho


EÇA BRASILEIRO PORTUGUÊS DA PÓVOA

Acaba de nos chegar pela mão queirosiana da confreira Maria Carolina Calheiros Lobo e de seu marido António Alberto, que recentemente estiveram no Brasil, o livro A boa mesa de Eça de Queiroz. Um ensaio e muitas crônicas de Dagoberto Ferreira de Carvalho Junior, recentemente publicado pela Editorial Tormes do Recife, e que o autor lhes dedicou em Março passado.
Se alguém quizer saber como Eça é cultuado no país irmão, que leia este livro, que abre na página XV com uma aguarela de Mário Paciência, publicada no Diário de Pernambuco de 27 de Maio de 1996, na qual se retratam uma série de ilustres queirosianos brasileiros na mesmíssima pose de uma célebre fotografia dos Vencidos da Vida, neste caso os Vencidos do Recife. Depois uma série de saborosas crônicas literárias sobre a gastronomia queirosiana e outros aspectos da sua obra, degustada pelos seus admiradores em jantares ecianos desde 1993 até ao presente. Entre muitas e certeiras alusões bibliográficas, a admiração do autor pelos nossos confrades A. Campos Matos e Manuel Lopes, poveiros, que têm feito a ponte eçófila entre Portugal e o Brasil, o primeiro felizmente ainda vivo e activo entre nós, o segundo vivo e activo na nossa memória.
Também referências ao Clube de Eça do Rio de Janeiro, fundado em 1955, e ao Clube de Amigos de Eça de Queirós do Recife, fundado em 1948, ambos tendo resultado de grémios queirosianos que se reuniram informalmente desde as primeiras décadas do século XX, depois redimensionados na Sociedade Eça de Queiroz do Recife, de que o autor é presidente.
Dagoberto Carvalho Jr., médico e escritor, é autor de numerosa bibliografia queirosiana, tendo colaborado na edição da obra Completa de Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 2000, no Dicionário de Eça de Queiroz. Lisboa: Editorial Caminho, 2000; no Dicionário Temático da Lusofonia. Lisboa: Texto Editores e na Revista Brasileira, edição comemorativa do centenário da morte do escritor promovida pela Academia Brasileira de Letras em 2000.
Como remata certeiramente o autor no final da crónica que dá o título ao livro: «E porque o banquete eciano é pródigo e interminável, às vezes como agora, temos de interrompê-lo para continuar nos livros que são muitos e, vencidos os séculos XIX e XX, já contam novas edições e novos leitores neste principiar de outro milénio».

Gravura 1: «A canonização de Eça no Brasil»; vinheta de Mário Paciência no mais recente livro de Dagoberto Carvalho Junior, p. 197.

GASTRONOMIA EM CONGRESSO

Nos passados dias 30 e 31 de Maio e 1 de Junho decorreu no Museu Marítimo de Ilhavo o II Congresso da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas (FPCG), o qual reuniu mais de trinta confrarias filiadas e uma dezena de outras como observadoras.
Da agenda dos trabalhos faziam parte temas do momento como “Tradição e segurança alimentar”; “Tradição e Modernidade - o seu justo equilíbrio: estratégias e propostas de actuação “ e “ O posicionamento da FPCG face aos movimentos internacionais”.
O congresso contou ainda com um intenso programa social, no qual se incluiu o jantar da partilha das Confrarias, no Hotel de Ilhavo e um outro oferecido pelo município ilhavense no seu grandioso Centro Cultural.
Além das confrarias portuguesas estiveram presentes a Federação das Confrarias Gastronómicas de França, a Confraria do Grogue de Santo Antão (Cabo Verde) e a Confraria dos Gastrónomos de Macau. A Confraria Queirosiana esteve presente nos trabalhos através do seu mesário-mor, J. A. Gonçalves Guimarães, do presidente da Direcção, Carlos Sousa, do presidente da mesa da assembleia geral, Nelson Cardoso, e do representante da comissão comercial Fátima Teixeira.
Quer pelo conteúdo das propostas apresentadas, quer pela discussão suscitada em torno das mesmas, pode dizer-se que o movimento confrádico nacional estará a sair da sua fase excurssionista para se debruçar seriamente sobre o Património Gastronómico Nacional como elemento essencial da Cultura Portuguesa, onde a tradição pode perfeitamente conviver com a modernidade sob o arco do triunfo da autenticidade e da qualidade. Como, aliás, já defendia nos seus textos Eça de Queirós, que apreciou de igual modo os requintes da cozinha internacional da sua época, valorizando os nossos pratos tradicionais.


Gravura 2: A delegação da Confraria queirosiana no Congresso em Ilhavo

CONFRADE RABELO

No feriado do passado dia 22 de Maio realizou-se, como é habitual, o capítulo anual da Confraria O Rabelo sediada em S. Xisto, S. João da Pesqueira, o qual teve lugar nos armazéns da Casa Messias, à Ferradosa. À mesa do evento presidiram Narciso Lopes, chanceler da Confraria, António José Lima Costa, presidente do município e confrade, e Madalena Carrito, em representação da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas.
Com a presença de numerosas confrarias, foram entronizados diversos confrades efectivos e de honra, e entre estes, o mesário-mor da Confraria Queirosiana J. A. Gonçalves Guimarães. À cerimónia seguiu-se um animado almoço com banda, rancho folclórico e conjunto musical, que a chuva “arrefeceu” de tempos a tempos, mas não logrou estragar, tendo sido servidas iguarias tradicionais altodurienses.

Gravura 3: Na Confraria O Rabelo em S. João da Pesqueira

ESCRITORES QUEIROSIANOS NO S. JOÃO DE GAIA

No passado dia 21 de Junho desfilaram na marginal de Gaia as habituais Marchas de S. João. Desta vez, para a coreografia e as letras das canções, o tema foi escritores, e vai daí, aconteceu esta coisa singular: Camilo Castelo Branco venceu a parada, recordado por Vilar do Paraíso, Vilar de Andorinho e Canidelo; Pedroso escolheu Júlio Dinis e Mafamude, Fernando Pessoa; no que diz respeito a escritores vivos, Crestuma escolheu um poeta local, Eugénio Paiva Freixo; a Afurada, Barbosa da Costa, e Santa Marinha, J. Rentes de Carvalho, sendo estes dois últimos sócios da Confraria Queirosiana. Surpreendentemente Eça de Queirós, que Canelas ainda tentou levar mas não conseguiu, também não foi escolhido por S. Félix da Marinha, onde fica a Granja, e Garrett, que viveu no Castelo de Gaia e em Oliveira do Douro, também ficou de fora. Aquelas escolhas, para além de proporcionarem interessantes reflexões sobre o que é um escritor e qual o impacto da sua obra ao nível popular, mostraram também o desajustamento cultural de algumas freguesias e das suas associações recreativas com os aspectos culturais mais relevantes do Município.

ARTE RUPESTRE EUROPEIA

Sob a chancela da Academia Eça de Queirós, está a decorrer durante o mês de Junho no Solar Condes de Resende, às sextas-feiras entre as 21 e as 23 horas, e ao sábado, entre as 10 e as 12 horas, um curso livre intensivo sobre Arte Rupestre Européia ministrado pelo Prof. Doutor Fernando Coimbra.
Dado o manifesto interesse do assunto para os que gostam de Arte desde os primórdios da Humanidade e da Arte de qualquer época, foi já solicitado à Academia que promova uma nova edição deste curso na Primavera do próximo ano.

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terça-feira, 27 de maio de 2008

Eça & Outras Maio



CONFRARIA QUEIROSIANA VISITA SINTRA



- A Confraria Queirosiana ficou à porta de Seteais.

Nos passados dias 25 e 26 de Abril os sócios e confrades foram a Sintra percorrer os locais queirosianos, no que foram acompanhados pelo Dr. José Gonçalves, estudioso deste roteiro, que os relacionou com as grandes obras de Eça e com os aspectos mais particulares da vida do escritor, que ali esteve com Emilia em lua-de-mel.
Mas nem tudo está bem neste itinerário: está “fechado” aos fins-de-semana e feriados, conforme a autarquia informou a Confraria, e não se pode entrar no parque de Seteais, propriedade pública concecionada a uma cadeia privada de hotéis. Concluindo: em Sintra, Eça está sempre fora aos fins-de-semana e feriados, numa terra que gostou de ser classificada como Património Cultural da Humanidade, e uma propriedade pública está fechada devido a interesses privados!
Depois do almoço no restaurante O Saloio, a caravana foi visitar o Palácio da Vila, sempre cheio de visitantes, onde seria bom que os guias cantassem em estilo ópera as explicações das diversas salas pois, na balbúrdia reinante, não se ouvem. Mas as inteligências culturais do momento acham que o mais importante é que os monumentos sejam como os estádios de futebol: cheios é que é bom, mesmo que não se aprenda nada.
Seguiu-se uma visita com prova na Adega Cooperativa de Colares, onde o guia não sabia o enorme apreço que Eça tinha pelo vinho ali produzido, e que ali se compra quase por favor ao dobro do preço daquele pelo qual se vendem as mesmíssimas garrafas no Palácio da Pena, conforme puderam, estupefactos, constatar no dia seguinte os queirosianos que ali o adquiriram. E já são dois os novos “mistérios da estrada de Sintra”!
Como a hotelaria local também é um pouco difícil e ainda não se recompôs da substituição do Hotel Nunes por aquela coisa que lá está, a Confraria optou por ir ficar à Ericeira, já no visinho concelho de Mafra, a simpática praia que dantes era de pescadores mas onde já não existem as suas famosas rascas, embarcações de cabotagem que dantes percorriam o litoral português e que aqui tinham o porto de referência. Com este Verão de Abril a noite nesta praia era um algarve de gente bonita a passear nas ruas.
No dia seguinte o grupo rumou cedo ao Palácio da Pena onde foram conduzidos pela guia Joana Antunes que explicou tudo muito bem e com calma e até fez de conta que não sabia que D. Carlos tinha na cidade de Lisboa, numa determinada época da sua vida, uma cama muito mais larga do que aquela outra que deixou no seu quarto neste palácio. Com um dia tão claro e límpido via-se dali claramente a barra do Tejo e o Bugio. Tudo histórico e humanamente mágico.
Depois de um almoço no Pátio do Garrett, que nos fez lamentar não haver um restaurante assim no Castelo de Gaia onde este escritor viveu na infância, a tarde era livre, pois Sintra é inesgotável. Uns foram ao dito Museu do Brinquedo, que o não é, mas apenas uma Colecção arrumada por vários andares e vitrinas, sabendo-se que a Museologia é a irmã mais nova do Coleccionismo, mas que tem um curso superior. Outros foram ver a Quinta da Regaleira e as fantasias esotéricas que, à viva força, alguns querem encontrar nesta manifestação ostentatória do novo riquísmo pouco culto, mas dado a fantasias, do princípio do século XX e, afinal, de todas as épocas. Eles têm dinheiro, mas não têm sabedoria para enfrentarem o seu tempo e por isso refugiam-se num passado aldrabado à sua maneira. Tentam assim violar a História e ficar impunes. Mas há quem goste. Outros foram pura e simplesmente deambular por uma terra que é realmente magnífica, mesmo nas contradições e controvérsias que os seus monumentos suscitam, porque, ao fim e ao cabo, o seu Património Natural tudo cobre com as intermináveis maravilhas da Natureza dos cinco continentes que por ali se aclimataram.
A Confraria voltará a Sintra para homenagear Eça de Queirós e este cenário de irmandade universal através das interrogações da Cultura.



- No Palácio da Pena

OUTRAS

MESTRADO EM ESTUDOS AFRICANOS

No passado dia 15 de Abril apresentou na Faculdade de Letras da Universidade do Porto a sua tese de Mestrado intitulada «A Praia na primeira década da segunda metade do século XIX: o porto, o comércio e a cidade» o nosso confrade Dr. José Silva Évora, investigador do Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde. Aproveitando a sua presença em Portugal, a direcção da Confraria Queirosiana promoveu um jantar com a presença de vários dos seus amigos e consócios no Solar Condes de Resende.



- Mestre José Évora no Solar Condes de Resende

BIOGRAFIA DE SERPA PINTO

No passado dia 9 de Maio, na Estalagem Porto Antigo em Cinfães, o nosso confrade Mestre Dr. Nuno Resende apresentou uma conferência sobre “Serpa Pinto - o homem, a obra e o seu legado ao mundo”, numa síntese da biografia que tem vindo a elaborar sobre este militar, africanista e político que foi condiscípulo de Eça de Queirós no Colégio da Lapa no Porto, pois tinham praticamente a mesma idade, tendo ambos falecido em 1900. Aquele investigador salientou a diferença entre a realidade do homem e o mito que em volta do mesmo construíram os políticos, os literatos e, sobretudo, os media da época, por esse motivo considerando Serpa Pinto o primeiro português “moderno” no sentido do tratamento que a imprensa de hoje dá aos homens públicos.
A sessão foi organizada pela Associação Cultural Serpa Pinto, que tem sede naquele município onde o homenageado nasceu e viveu, com a colaboração do Rotary Club local.

SESSÃO EVOCATIVA DO BARÃO DE FORRESTER

A Associação Amigos de Pereiros e a Confraria Queirosiana, com o apoio da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, realizaram no passado dia 10 de Maio no Salão Nobre da Câmara Municipal, uma sessão evocativa do Barão do Forrester com a presença da Associação dos Amigos do Douro.
J. A. Gonçalves Guimarães, mordomo-mor da Confraria e director do seu Gabinete de História, Arqueologia e Património falou sobre “O Barão de Forrester e S. João da Pesqueira” e António Barros Cardoso, coordenador científico do GEHVID e professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, dissertou sobre “A afirmação do negócio do Vinho do Porto ao longo do século XVIII”. A sessão encerrou com um Porto de Honra.

NOVOS TEXTOS SOBRE EÇA

A Editora Veja acaba de publicar As vertentes do olhar na ficção queirosiana, de Ana Margarida Dinis Vieira. Trata-se de uma outra abordagem sobre o universo ficcional de Eça a partir da realidade circundante. Estas análises literárias são pois intermináveis no acrescento do caleidoscópio das possíveis leituras da sua obra.
Bem diferente, porque texto de historiador se trata, é o artigo de João Medina «Eça e Rafael. Rafael Bordalo Pinheiro, modelo do pintor Camilo Serrão, personagem de Eça d’A Tragédia da Rua das Flores?» publicado no último numero de Artis (nº 6 - 2007), revista do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa. Aqui procura-se encontrar o modelo real da personagem ficcionada, com as necessárias cautelas, tendo em conta que ficção literária não é História.

EVOCAÇÃO DAS INVASÕES FRANCESAS

No próximo dia 7 de Junho no Castelo de S. João Baptista da Foz do Douro vai ser evocado o primeiro acto de revolta contra a ocupação francesa, o qual ocorreu a 7 de Junho de 1808. Do extenso programa, para além das cerimónias protocolares habituais e da recriação de exercícios militares da época e um concerto coral-sinfónico em que será executada a Abertura Solene 1812 de Tchaikowsky, dele faz parte uma exposição de pintura sob o tema Rostos - Paisagens e Retratos da autoria do nosso confrade Major pintor Simões Duarte, que, entre muitos outros exporá os retratos dos confrades D. Duarte Pio e do escritor J. Rentes de Carvalho.

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terça-feira, 13 de maio de 2008

Proposta de Admissão de sócio

Proposta de admissão de sócio

Nome_______________________________________________

Profissão_____________________________________________

Data de Nascimento_____________________________________

Endereço de contacto ____________________________________

Código postal e localidade _______________________________

telefone/telemóvel de contacto___________________________

Email ____________________________________________

Jóia - 25€ (estão isentos os jovens entre os 18 e os 25 anos)
Quota para 2009 - 26€

Sócios proponentes (assinatura legível p.f.)

1.

2.
(Artº 6º dos Estatutos)

___________________, ______ de ________________de 2009

Assinatura

____________________________________
BI _____________________
NIF____________________


Os dados recolhidos destinam-se exclusivamente a uso da ASCR-Confraria Queirosiana. É garantido aos sócios e outros, nos termos da lei, o direito de acesso, rectificação e eliminação de qualquer dado dizendo-lhe respeito, dirigindo-se à morada abaixo indicada.



Objectivos

ARTº 3º - Constituem objectivos dos ASCR-CQ a difusão, promoção e consolidação do renome mundial de Eça de Queiroz e da sua Obra; o enriquecimento do património do Solar Condes de Resende e uma maior divulgação e apreço pela sua actividade e missões.
ARTº 4º - Tendo em conta os objectivos a prosseguir, os ASCR-CQ devem, entre outras, desenvolver as seguintes tarefas:
a) Promover a elaboração, edição e divulgação de trabalhos sobre Eça de Queiroz e a sua Obra;
b) Manter uma Confraria Queirosiana como forma de união entre todos os admiradores, estudiosos, promotores e protectores da Obra de Eça de Queiroz.
c) Organizar palestras, conferências, congressos, cursos, concursos, exposições e qualquer outro tipo de eventos e manifestações sobre temas queirosianos;
d) Promover viagens e itinerários culturais, bem assim como trabalhos arqueológicos, antropológicos, históricos, patrimoniais, artísticos e literários sob qualquer forma de expressão;
e) Divulgar por todos os meios adequados o Solar Condes de Resende como Casa Queirosiana Internacional;
f) Manter relações com todas as instituições que tenham objectivos culturais semelhantes;
g) Procurar obter, quer através de doações ou depósitos permanentes, quer adquirindo, pelos seus fundos ou com a contribuição de outras entidades, espécimes arqueológicos, antropológicos, históricos, literários e artísticos ou quaisquer outros testemunhos com interesse patrimonial para as colecções do Solar Condes de Resende;
h) Prestar à direcção do Solar Condes de Resende toda a colaboração que lhe seja solicitada.

(Dos Estatutos aprovados em Assembleia Geral Constituinte que decorreu no Solar Conde de Resende a 23 de Novembro de 2002)

Jóia - 25€ (estão isentos os jovens entre os 18 e os 25 anos)
Quota para 2009 - 26€




Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana
(associação cultural com estatuto publicado no Diário da República III série nº 80 – 4 de Abril de 2003, p. 7462-(6)).

Associação cultural que promove o encontro, conhecimento e amizade entre queirosianos de todo o Mundo. Apoio às actividades do Solar Condes de Resende como Casa Queirosiana Internacional.
Confraria Queirosiana – queirosianos apostados na leitura, investigação e divulgação da vida, obra e época de Eça de Queirós.
Solar Condes de Resende – equipamento municipal de cultura, propriedade da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, gerido por Gaianima, EM, onde os ASCR-CQ têm a sua sede mediante protocolo de colaboração. Dedica-se à História, Arqueologia, Antropologia e Património e ainda à vida e obra de Eça de Queirós e dos Condes de Resende. Centro de Documentação; Arquivo Condes de Resende; Colecção Marciano Azuaga; Jardim das Camélias e Hortas Tradicionais. Visitas guiadas, exposições, eventos e cursos livres. Aberto à semana entre as 9 e as 22 horas e aos fins-de-semana e feriados entre as 9 e as 19 horas.
Academia Eça de Queirós – investigação e ensino sobre os séculos XIX e XX; cursos livres sobre História, Literatura, Pintura, Arqueologia e outros.
Gabinete de História, Arqueologia e Património – realização de trabalhos profissionais nestas áreas do saber e edição de estudos; selecção de licenciados tarefeiros para trabalharem no Solar Condes de Resende; projectos e programas de Património.
Cursos livres de Pintura e de Danças de Salão, em horários convenientes e para todas as idades.
Comissão Comercial – gestão do bar e loja do Solar; comercialização das edições dos ASCR-CQ, do Vinho do Porto Confraria Queirosiana, do espumante Eça e do Vinho Tinto Fraga D’Ouro de homenagem ao Marquês de Soveral.
Comissão de Itinerários – organização de itinerários queirosianos em Portugal e no estrangeiro.
Comissão da Arte – organização do Salon d’Automne de Portugal, exposição de pintura e outras expressões plásticas dos sócios.
Protocolos celebrados com:
Associação de Amizade Portugal-Egipto (Lisboa); Gaianima, EM (Gaia); O Primeiro de Janeiro (Porto); Edições Gailivro (Gaia); Ateneu Comercial do Porto; Grémio Literário (Lisboa); Fundação Eça de Queiroz (Baião); Amigos de Pereiros (S. João da Pesqueira); Amigos de Gaia.
Edições – monografias sobre temas consagrados nos estatutos dos ASCR-CQ; edição anual da Revista de Portugal com artigos dos sócios; página Eça & Outras ao dia 25 de cada mês em O Primeiro de Janeiro; confrariaqueirosiana.blogspot.com.
Filiados em:
Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas.
Federação dos Amigos de Museus de Portugal.
Academia das Colectividades do Distrito do Porto.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A Jóia do Mês de Maio


A Jóia do Mês
do Solar Condes de Resende
Maio de 2008 (nº 17)



Designação: Medalhões
Materiais: Zinco dourado
Dimensões: 16,7-17 cm diâmetro
Peso: 550-575 g
Função: Comemorativa
Autor/ Oficina: C. Wiener (reprodução?)
Local de produção: Porto (?)
Cronologia: 1865
Proveniência: Desconhecida
Estado de conservação: Razoável
Intervenções: Não tiveram
Fundo: Colecção Marciano Azuaga
Data da incorporação: Anterior a 1904
Nº inventário: 760-46 e 761-47
História da peça: Estas placas foram cunhadas para a Exposição Internacional do Porto com que abriu ao público o Palácio de Cristal em 1865. A primeira apresenta numa das faces a palavra SAGRES sobre uma auréola radiante envolta por uma coroa de louros e ramos de carvalho, enleada por uma fita onde a custo se lê INDIA 1498 e BRASIL 1500, circundada pelas palavras EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL na metade superior e na inferior PORTO e 1865. A segunda placa apresenta um conjunto de figuras, a Agricultura, a Indústria, as Artes e as Colónias e, no meio delas, a Fama, tendo como fundo a mastreação de um veleiro e, em primeiro plano, uma ara com as armas oitocentistas da cidade do Porto e as armas nacionais. Na parte cimeira a legenda GLORIA VICTORIBUS. Provavelmente foram distribuídas a todos os expositores presentes.
Bibliografia: GUIMARÃES, J. A. Gonçalves (1994) - «Vila Nova de Gaia e a Exposição Internacional do Porto no Palácio de Cristal em 1865». In MVSEV, II Série, nº 2, 1994. Porto: Círculo José de Figueiredo, pp. 200-205.
Anotadores: J.A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães
Profissão/cargo: Historiador-Arqueólogo – Director do Solar Condes de Resende; Historiadora-Arqueóloga - Técnica Superior de História da GAIANIMA, E.M., Solar Condes de Resende.
Data: 23 de Abril de 2008
Copyright: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sessão evocativa do Barão de Forrester

Sessão evocativa do Barão de Forrester


Convite


A Associação Amigos de Pereiros e a Confraria Queirosiana, com o apoio da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, convidam V. Ex.ª para participar na Sessão evocativa do Barão de Forrester a qual terá lugar no próximo dia 10 de Maio, sábado, pelas 17 horas no Salão Nobre da Câmara Municipal, com o seguinte programa:

- Palavras de boas vindas pelo Senhor Presidente da Câmara Eng,º António José Lima Costa
- - Apresentação pelo Dr. Silva Fernandes da Associação Amigos dos Pereiros
- - “O Barão de Forrester e S. João da Pesqueira” pelo Prof. Mestre Gonçalves Guimarães, mesário-mor da Confraria Queirosiana e investigador convidado do Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto (GEHVID).
- - “A afirmação do negócio do Vinho do Porto ao longo do século XVIII” pelo Prof. Doutor António Barros Cardoso, coordenador científico do GEHVID e professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
- - A sessão encerrará com um Porto de Honra.

Vila Nova de Gaia, 30 de Abril de 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Eça & Outras

ACADEMIA EÇA DE QUEIRÓS

Após a aprovação do seu regulamento na Assembleia Geral dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana no passado dia 27 de Março e encontrando-se ainda na fase de instalação, a Academia Eça de Queirós promove os seus primeiros cursos livres, em colaboração com a Gaianima, EM e o Solar Condes de Resende: a partir de 8 de Maio o curso de Pintura e Expressão plástica, dirigido pelo pintor Ariosto Madureira formado pela Faculdade de Belas Artes do Porto e, em Junho um outro sobre Arte Rupestre européia ministrado por Fernando Coimbra, doutorado por Salamanca. As inscrições para ambos podem ser feitas no Solar Condes de Resende.

Eça & Outas

Os Maias PELO TEP

Pelo quinto ano consecutivo o Teatro Experimental de Porto, há anos sediado em Vila Nova de Gaia, repôs em cena «Os Maias - Crónica Social Romântica», tendo já tido 185 representações a que assistiram 44.168 pessoas, numa média de 239 por sessão e visto por cerca de 300 escolas de 90 concelhos de todo o país. Só este ano já teve 42 novas representações a que assistiram 10.780 espectadores, numa média de 257 por sessão (do comunicado de Imprensa n.º 476 do TEP).

Os Maias de cor!

Segundo um artigo de Luís Pedro Cabral publicado na Única (Expresso) a 16 de Fevereiro passado, Duarte de Resende, morador no Porto e que se diz parente da Rainha Isabel II e do Duque de Edimburgo, logo do Príncipe Carlos e de seus filhos, já leu Os Maias 34 vezes e sabe o livro de cor!

“Vamos n’Eça”

Um grupo de professores da Escola Secundária Serafim Leite de S. João da Madeira promoveu entre os dias 4 e 12 de Abril o segundo Theatrus@ser.com, com a presença de dez grupos dramáticos escolares que apresentaram nos Paços da Cultura locais algumas teatralizações relacionadas com a vida e obra de Eça de Queirós.
Do programa constou ainda um encontro com o Professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, especialista em Eça e, já agora, que ao assunto voltaremos, defensor do Acordo Ortográfico como certamente o próprio escritor o seria, até porque, antes de o tentarem “empalhar” como peça de museu, foi acusado de encher a língua portuguesa de estrangeirismos!

Eça em Londres

A London Review of Books publicou recentemente um artigo de Michael Wood sobre a mais recente tradução inglesa de Os Maias que já referimos aqui na E &O.
Nos dias de hoje já qualquer inglês pode ler aquela obra prima do nosso antigo cônsul em Bristol, saboreando uns pasteis de Belém com um bom Porto envelhecido nos armazéns de Gaia, a única bebida que vai bem com aquelas páginas imortais.

Eça & Outras


RENTES DE CARVALHO EM PORTUGAL

No passado dia 5 de Abril o escritor e professor J. Rentes de Carvalho proferiu uma conferência no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, subordinada ao tema “Portugal - Holanda, dois Mundos”.
Aquele museu quis assim «prestar uma homenagem ao Homem e ao Escritor por ocasião da celebração dos 40 anos da sua carreira literária, firmada com o lançamento do romance Montedor» em 1968. Na ocasião o conferencista e a sua obra foram apresentados pelo Dr. Nelson Campos, o responsável por aquela instituição.
Entretanto no Solar Condes de Resende a Confraria Queirosiana tem à disposição dos interessados um fundo documental sobre a vida e obra deste escritor, constituído por várias edições dos seus romances e guias de viagem em português e neerlandês, livros de outros autores que lhe pertenceram, incluindo a sua queirosiana, documentos e objectos pessoais, além de correspondência e colaboração em jornais e revistas, estando em elaboração o respectivo catálogo que deverá em breve ser disponibilizado na net.
Entretanto as Edições Gailivro, que tinham anunciado a edição das obras do escritor a partir de Janeiro passado, com a sua entrada para um novo grupo editorial peninsular, parece que abandonaram esta idéia. Se esta nova empresa crescer pela Europa fora, quando chegar à Holanda já lá encontrará publicadas as obras de Rentes de Carvalho, algumas delas com mais de uma dezena de edições. Aí, não valerá a pena editar nada, que este autor já lá tem editor capaz.
Alguns dos seus romances estão à venda na loja do Solar Condes de Resende.


Legenda: Rentes de Carvalho em Moncorvo

Eça & Outras

Eça é Deus!

Numa entrevista telefónica concedida ao jornal Portugal Diário a 20 de Fevereiro deste ano, o escritor brasileiro José Alpoim, filho de mãe portuguesa de Viseu e de pai japonês, declarou que era admirador da literatura portuguesa e que, para si, «Eça é Deus».
Este autor, praticamente desconhecido em Portugal, figura no Guiness Book of Records por ter escrito já 1076 livros. Com 61 anos de idade vive em Gonçalves, Minas Gerais, tendo chegado a escrever três livros por dia. Formado em Medicina e especialista em cirurgia toráxica, em 1986 trocou esta actividade pela de escritor de títulos como E Agora? Presidente; Saga e Vencendo o desafio de escrever um romance, devendo sair em breve O Fruto do Ventre, «com mais de quinhentas páginas com muito suspense e acção». A escrever assim, não admira que considere divino Eça de Queirós, que pensava, reflectiva, escrevia, reescrevia, emendava, reemendava, reelaborava as suas obras, aproximando-as da perfeição, talvez com o receio de que delas dissessem: muita parra, pouca uva, pouco vinho. Supomos que Eça não consta no Guiness.
(Texto elaborado a partir de Caetano, Filipe, Portugal Diário 16/02/2008 e fille:// G:/Eça é Deus! htm, 28.03.2008).

Eça & Outras


OS JANTARES E A GASTRONOMIA QUEIROSIANA



O tema começou a evidenciar-se na década de oitenta do século passado, mas veio para ficar. Em tempos recentes uma professora de uma escola de hotelaria contactou a Confraria Queirosiana para que disponibilizasse informações sobre um “jantar queirosiano” tendo esta entidade sugerido as seguintes leituras: Dicionário Eça de Queiroz.Lisboa: Editorial Caminho, organização e coordenação de A. Campos Matos, 1988, entrada «Alusões alimentares», de Andrée Crabbé Rocha, também publicada em Cadernos de Literatura, Coimbra 1981, com o título «Um motivo obsidiante na narrativa queirosiana»; ALVES, Dário Moreira de Castro (1992) - Era Tormes e Amanhecia. Dicionário gastronómico cultural de Eça de Queiroz. Lisboa: Livros do Brasil, 2 vol; Comer e beber com Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: Editorial Índex, 1995, com textos de Beatriz Berrini, «Eça de Queiroz e os prazeres da mesa» e receitas de Maria de Lurdes Modesto; GOES, Maria Antónia (2004) - À Mesa com Eça de Queirós. Sintra: Colares editora; GUIMARÃES, J. A. Gonçalves (2006) - «Existe uma Gastronomia Queirosiana?». In Actas do Congresso “Saberes e Sabores”. Vila Real: Delegação Regional do Norte do Ministério da Cultura.
Mas como os “jantares queirosianos” não são apenas comida e bebida, mas sobretudo convívio, charme, cultura, humor e preocupação social, talvez os melhores sejam aqueles que Eça partilhou com “Os Vencidos da Vida” e, nesse caso, convém ler também alguma sua biografia, sendo a mais recente a de MÓNICA, Maria Filomena (2001) - Eça de Queirós. Lisboa: Quetzal Editores, e para os jantares familiares, Eça de Queiroz/Emilia de Castro. Correspondência Epistolar. Porto: Lello Editores, 2.ª edição, 1996.
Entretanto chegou ao nosso conhecimento que o médico brasileiro Dagoberto de Carvalho, natural do Piauí, mas residente em Pernambuco, autor de Eça de Queiroz - Retratos de Memória e A Cidadela do Espírito - considerações sobre a Arte Sacra em Eça de Queiroz, acaba de publicar Da boa mesa com Eça de Queiroz, que ainda nos não chegou.

Legenda: Gravura publicada in The Lady’s Realm, Novembro de 1910.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A Jóia do Mês de Abril


A Jóia do Mês
do Solar Condes de Resende
Abril de 2008 (nº 16)


Designação: Breviário
Materiais: Papel, tinta, couro e latão.
Dimensões: 5x7,5x3,5 cm
Função: Religiosa
Autor/ Oficina: Desconhecidos
Local de produção: Roma?; Bruxelas?
Cronologia: séc. XVII, 2ª metade
Proveniência: Oferecido à Colecção Marciano Azuaga por Manoel Joaquim Correa da Gama Junior
Estado de conservação: Razoável
Intervenções: Não teve
Fundo: Colecção Marciano Azuaga,
Data da incorporação: Anterior a 1934
Nº inventário: 2230-158
História da peça: Breviário de bolso, com 30+698+4 páginas, impressas a preto e vermelho, com gravuras abertas em folha de cobre impressas naquelas tintas. As folhas medem 7x4,2 cm e as letras impressas 1 milímetro, apresentando cada folha 27 linhas encimadas pelo título de capítulo e o número da página (excepto nas não numeradas) e um rodapé, tudo enquadrado por filetes muito finos. A capa é de couro castanho, com ferros dourados e dois fechos de couro e latão. O conjunto das folhas apresenta-se pintado de vermelho nos lados não escondidos pela lombada.
Apresenta-se sem folha de rosto, abrindo com uma Bula do Papa Urbano VIII datada de Roma, 25 de Janeiro de 1631, e outra do mesmo papa e cidade de 14 de Agosto de 1641, a que se segue um privilégio de Filipe VI de Espanha datado de Bruxelas de 9 de Julho de 1641. Seguem-se várias tábuas cronológicas e calendário para 1582, os meses do ano e os santos de cada dia, o credo e outras orações para diversos ofícios e ocasiões, tudo em Latim. Termina com o Index Eorvm quae in hoc volvmine continentvr.
Bibliografia: Desconhecida; ver, contudo, DIAS, Geraldo A. Coelho Dias – “Liturgia e Arte: diálogo exigente e constante entre os beneditinos”. In Revista da Faculdade de Letras – Ciências e Técnicas de Património. I Série, vol. 2, pp. 291-310. Porto, 2003 e lerletras.up.pt/uploads/ficheiros/2920.pdf.
Anotadores: J.A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães
Profissão/cargo: Historiador-Arqueólogo – Director do Solar Condes de Resende; Historiadora-Arqueóloga - Técnica Superior de História da GAIANIMA, E.M., Solar Condes de Resende.
Data: 28 de Março de 2008
Copyright: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

3.º FORUM INTERNACIONAL DE SINOLOGIA

Entre 14 e 16 de Fevereiro decorreu em Lisboa na Delegação Comercial de Macau o 3.º Fórum Internacional, este ano dedicado ao Desporto devido à realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. Organizado pelo Instituto Português de Sinologia, de que é presidente da Direcção a Professora Doutora Ana Maria Amaro, na sessão de abertura J. A. Gonçalves Guimarães apresentou o segundo número de Zhongguo Yanjiu - Revista de Estudos Chineses, inteiramente dedicado a estudos sobre Macau (ver texto publicado no Das Artes Das Letras de 3 de Março de 2008, intitulado Macau e o deserto). As sessões continuaram depois entre 20 e 23 de Fevereiro no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia. De entre os investigadores presentes, muitos dos quais vindos das mais diversas universidades estrangeiras, apresentaram comunicações os seguintes sócios dos ASCR-CQ: J. A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães “O Núcleo chinês da Colecção Azuaga: o coleccionismo como lazer” e Luís Manuel de Araújo “Jogo e desporto no Antigo Egipto: estudo comparativo com os jogos chineses. O problema da origem do futebol”.
No próximo dia 12 de Abril será inaugurada no Solar Condes de Resende uma exposição de Instrumentos Musicais Tradicionais Chineses, em colaboração com a Embaixada da República Popular da China e daquele Instituto.

Eça & Outras

QUEIROSIANOS DISTINGUIDOS

No passado dia 28 de Janeiro, a Universidade de Salamanca no dia do seu padroeiro, S. Tomás de Aquino, atribuiu o Prémio Extraordinário de Doctorado à tese “A suástica em Portugal e na Galiza desde a Idade do Bronze ao final do Período Romano: problemática da origem e da interpretação” ali apresentada em 2006 por Fernando Augusto Coimbra.
A revista International Zoo News, 2007, classificou o Parque Biológico de Gaia como «provavelmente o melhor zoo de Portugal». É seu director desde a fundação Nuno Fernando da Ascensão Gomes Oliveira.

Eças & Outras

AQUISIÇÕES QUEIROSIANAS

Entretanto a exegese crítica da prosa queirosiana a partir dos seus manuscritos tem um valioso e recente contributo. Aquando da realização da Exposição Aquisições Queirosianas na Biblioteca Nacional, que ali esteve em mostra entre 20 de Setembro e 27 de Outubro passados, foi editado um livro com o mesmo título, apresentado por Jorge Couto, coordenado por António Brás de Oliveira e Irene Fialho, com textos de Jorge Couto, Isabel Pires de Lima, Carlos Reis, A. Campos Matos, Irene Fialho e Manuel M. C. Vieira da Cruz sobre os manuscritos queirosianos adquiridos durante trinta anos por aquela instituição.
A sua correcta transcrição e estudo são fundamentais para a veracidade queirosiana dos textos que correm impressos com o seu nome, tarefa essa a que se tem devotado a equipa dirigida por Carlos Reis.
Uma versão desta exposição, promovida entretanto pela Dr.ª Isabel de Sousa, da Biblioteca Municipal de Espinho, esteve recentemente exposta ao público na Piscina da Granja, devendo ser em breve mostrada no Solar Condes de Resende, em cuja loja pode ser adquirido aquele livro.

Eça & Outras

Sem uma valsa

Em Outubro de 2006 a Campo das Letras editou Cem anos sem uma valsa. Romance queirosiano de Manuel Córrego, uma recriação literária em torno de Genoveva, a personagem queirosiana de A Tragédia da Rua das Flores e de Emília, a mulher do escritor e onde se lê «Sei que a minha vez há-de chegar. Esperarei nem que seja cem anos. Cem anos sem uma valsa! Quero estar presente quando dele se disser, “Eça de Queirós é uma compensação à decadência de Portugal”».

Eça & Outras

Eça na crista da onda

Voltando ao tema do texto base da página Eça & Outras de 25 de Fevereiro passado, ou seja, Eça para crianças, recordemos aqui o livrinho sobre a biografia do escritor, da autoria de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com ilustrações de Pedro Cabral Gonçalves, Clara Vilar e Carlos Marques, publicado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas na colecção “Na crista da onda” em 2004, com texto e ilustrações agradáveis. Só é pena conterem alguns erros históricos que enganam o jovem leitor. Entre outros, a primeira associação de ciclistas em Portugal não nasceu em 1899, como ali se diz, pois em 1894 já existia no Porto o Real Velo Clube; a Torre Eiffel não foi construída para a Exposição de Paris de 1900, mas sim para a de 1889! Curiosamente na pagina 19 deste livrinho uma ilustração põe Eça e Emília em lua-de-mel em Paris a olharem para a torre em 1886! E outras asneiras se podem ainda colher em livro tão bonito que bem merecia outro cuidado nestes “pormenores” que os literatos se acham dispensados de observar e que se chama rigor histórico.

Eças & Outras

AS MEMÓRIAS DE D. MARIA Augusta d’Eça d’Alpuim

Ele há as grandes edições de bons e maus autores, os livros que ficam e a literatura que esquece. Ele há também aquelas obras pessoais, confidencias ou memórias, normalmente em pequenas e modestas edições, de autor ou da câmara municipal lá da terra. Também aqui há bom, mau e assim assim. Mas, às vezes, livros muito honestos porque são, e apenas querem ser, as memórias pessoais de quem os escreve, para apenas as partilhar com os outros. Antes que se percam.
Está neste caso o livro Os Eças. Memórias, de Maria Augusta d’Eça d’Alpuim, edição da autora de Viana do Castelo, 1992, mas que só agora me chegou às mãos através de seu sobrinho João Alpuim Botelho.
Com um simpático prefácio de Artur Anselmo, que lhe chama «uma guloseima para os queirozianos mais exigentes», nestas suas memórias a autora aborda pessoas, e respectivas circunstâncias, tão interessantes como a família materna de Eça de Queirós e vários dos seus membros, de quem apresenta uma genealogia, passando entretanto pelos Pereira d’Eça, a Torre de Belém, Moçambique, o castelo de Viana, Júlio Dantas, Luís Arenas de Lima, Ana de Castro Osório, Leal da Câmara, André Brun, Norton de Matos, a filha de Guerra Junqueiro, Bernardino Machado, Antero de Figueiredo e muitos outros.
Não deixando de abordar as especiais circunstâncias do nascimento de Eça de Queirós, ainda recentemente polemizadas por Agustina Bessa Luís, José Hermano Saraiva e António Benedito Eça de Queirós, nesta obra através da visão da família materna, sobre a biografia do escritor apresenta algumas das confusões habitualmente repetidas, mas nem por isso menos erradas. Assim, Luís Benedito de Castro de Sousa Holstein, 5.º conde de Resende, com quem Eça foi ao Egipto em 1869, irmão de Emilia, futura mulher do escritor, nunca foi seu cunhado, pois morreu antes do casamento; o cunhado de Eça foi o 6 .º conde de Resende, Manuel de Castro Pamplona; Eça casou na capela particular da Casa de Santo Ovídio, que não era exactamente um oratório, mas uma verdadeira capela, entretanto já demolida. À data da “constituição” dos Vencidos da Vida, os seus membros que receberam títulos ainda não os tinham, como é o caso de Luís de Soveral, que só foi marquês em 1901; como muitos outros autores, alguns com mais responsabilidades, a autora exagera na importância da Quinta de Santa Cruz do Douro na vida e obra de Eça, dizendo que o facto de Emília a herdar «... veio proporcionar ao escritor um contacto com a Natureza que nunca tivera e que se reflecte nos seus últimos livros» (op. cit. p. 155). Então e o contacto com a dita em Verdemilho, Aveiro, em criança? E na Quinta de Santo Ovídio, então completamente rural, bem assim como os arredores da cidade do Porto durante a juventude? E Coimbra e os campos do Mondego? E Leiria? E Évora? E os passeios pelo Minho e Douro Litoral com os amigos? Eça era com certeza um citadino, mas, desde muito novo, que conheceu em pormenor o mundo rural; por fim, segundo o Dicionário de Eça de Queiroz; organização e coordenação de A. Campos Matos. Lisboa: Editorial Caminho, 1988, p. 194/195, Eça de Queiroz terá morrido de uma amebíase e não de tuberculose.
Mas tirando estes erros, que a autora foi buscar à biografia escrita por João Gaspar Simões, ou a outras, já corrigidas pelos estudos mais recentes, o livro tem na realidade interesse por muitos pormenores relacionados com aquelas personalidades que se cruzaram no seu caminho ou no das suas memórias familiares.

terça-feira, 4 de março de 2008

ACADEMIA EÇA DE QUEIROZ

A Confraria Queirosiana acaba de criar a Academia Eça de Queiroz destinada a reunir todos os académicos da instituição que se dedicam ao estudo e divulgação das problemáticas oitocentistas, nomeadamente sobre a vida e obra de Eça de Queiroz, e o seu enquadramento épocal. Esta academia terá também a finalidade de enquadrar as acções de formação que habitualmente se realizam no Solar Condes de Resende com a sua colaboração.
J. Rentes de Carvalho no Bozar

No passado dia 15 de Janeiro J. Rentes de Carvalho, esteve no Bozar de Amesterdam a falar sobre Eça de Queiroz, num ciclo de conferências designado “Esplendor de Portugal” integrado no festival “Portugal and the World”, o qual teve arte, fados, danças e outras manifestações culturais. O evento decorreu no Paleis Voor Schone Kunsten, o Palácio das Belas Artes, ou simplesmente Bozar, desenhado em 1922 pelo arquitecto de origem portuguesa Victor Horta.
Antes de J. Rentes de Carvalho ali falaram Saramago e Lobo Antunes.

Eça & Outras

A IRREMEDIÁVEL IDIOTIZAÇÃO DA SOCIEDADE

O semanário Sol, com o patrocínio do Millenium BCP pôs no mercado «uma colecção de 12 obras clássicas da literatura portuguesa ilustradas e contadas às crianças por escritores actuais». Aparentemente a idéia é simpática e benzida pelo establishement: clássicos p’ró menino e p’rá menina, pois então, mas contados à sua maneira por um tio ou uma tia com algum nome nas letras.
No que me diz respeito, não vou ler, não vou comprar, nem vou recomendar a nenhum menino ou menina que leia estes atentados culturais, fraudes, paródias de mau gosto, oportunismo barato, que o resto que se possa chamar à iniciativa é melhor não pôr por escrito. Na minha opinião trata-se de um atentado à memória e à obra dos escritores que aparecem na colecção, nomeadamente Eça de Queiroz, Camilo, Garrett, Julio Dinis e Gil Vicente, assim forçados a dar boleia, sem hipótese de recusa, a José Luís Peixoto, Rosa Lobato de Faria, Pedro Teixeira Neves, José Jorge Letria, Clara Pinto Correia, Albano Martins, António Torrado, Rui Lage, Rui Zink, Possidónio Cachapa, Ana Luisa Amaral e Francisco José Viegas. Tudo boa gente, mas sem desculpa para esta maroteira comercialona.
Em primeiro lugar quase todos aqueles grandes escritores deixaram obra original susceptível de ser lida por crianças sem os favores literários das tias e dos tios contratados; bastava então editar esses textos, íntegros e fidedignos, apenas com a necessária actualização ortográfica e algumas notas de explicação para os termos e contextos caídos em desuso. Em segundo lugar, como é que, sem fazer dos textos originais uma limonada artificial de mau gosto, se explica o incesto de Os Maias a uma criança? E o lavar da honra com sangue ou uma paixão funesta d’ O Amor de Perdição? E a Mary de A Relíquia, entra ou não? Não valeria mais esperar que as crianças crescessem em corpo e entendimento - lendo entretanto os textos que aqueles autores para elas realmente escreveram - e então na altura adequada, que varia de pessoa para pessoa, deixá-las ler a obra verdadeira, integra, deliciosa, como o autor a concebeu para gente adulta de todas as idades?
Mas não. Os promotores da idéia acham-se com certeza uns génios, na linha de todos aqueles que concorrem para a idiotização da sociedade actual e que, formados em universidades speed culture, acham que vale tudo, o que importa é ter “sucesso”, vender muito, ir para os topes, acalcanhar seja lá o que for para “vencer”.
E já agora, se para adoptar uma criança é necessário tanta burocracia e peritagens de “especialistas”, ocorre perguntar se todos estes “adaptadores” têm tido sucesso como pais, educadores, professores, ou simplesmente como cidadãos equilibrados capazes de entender o que é uma criança ou, por outras palavras, se os enredos ficcionais escolhidos - pois não se trata só de “textos” e ilustrações - são os mais adequados para as ditas. Dir-me-ão que os pais farão o filtro: mas o problema é que os que hoje são pais, na sua maioria, foram criados na literatura de supermercado ou fizeram cursos superiores a ler fotocópias sublinhadas ou a responder aos testes (quando os houve) com cruzinhas. Alinham pelo mesmo modelo e diapasão.
Não se admirem pois se daqui a uns poucos de anos encontrarem jovens adultos que opinarão com o ar mais sério deste mundo que já leram Os Maias do José Peixoto Queiroz, Os Incas do Gil Vicente, O Inferno do José Castelo Branco, O Barqueiro do Millenium do Fernando Pessoa, A Relíquia Perdida do Eça Spielberg ou o Frei Luís do Miguel de Sousa Tavares.
Agora é para o que está. É entrar, é entrar que o Vale Tudo é que está a dar. Depois das universidades do tricot e outras idiotizações da sociedade, aparentemente baseadas na “democratização da cultura”, acabaremos por ter cursos de gestão em fascículos para bébés recém-nascidos. Na sua simplicidade humana, estes apenas produzem caca: suponho que ainda não se vende.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor da CQ

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A Jóia do Mês de Fevereiro


A Jóia do Mês
do Solar Condes de Resende
Fevereiro de 2008 (nº 14)

Designação: El-Rei D. Carlos (1863-1908)
Materiais: Óleo sobre tela com moldura de madeira dourada
Dimensões: 1380x930 mm
Função: Retrato oficial
Autor/ Oficina: José Alberto Nunes
Local de produção: Porto
Cronologia: 27.05.1891
Proveniência: Sala das sessões da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Estado de conservação: Razoável
Intervenções: Desconhecidas
Fundo: Colecção Marciano Azuaga
Data da incorporação: Anterior a 1934
Nº inventário: 1695 S.C.R.
História da peça: Quadro provavelmente pintado para a sala de sessões da Câmara Municipal de Vila Nova e Gaia, então no edifício onde hoje está sediada a Junta de Freguesia de Santa Marinha. Apeado a seguir à República, deu entrada na Colecção Marciano Azuaga, entre 1908 e 1934. Com a extinção do Museu Azuaga, foi levado para a Casa Museu Teixeira Lopes onde permaneceu até 2000, quando foi transferido para o Solar Condes de Resende, com outros retratos daquela antiga Colecção, presentemente expostos no seu salão nobre.
Bibliografia: GUIMARÃES, J.A. Gonçalves; GUIMARÃES, Susana (2000) – Retratos Reais da Monarquia Constitucional: das Belas Artes à Arte Publicitária. Vila Nova de Gaia: Solar Condes de Resende, pp. 48-49; GUIMARÃES, J.A. Gonçalves (2006) – A Colecção de Retratos Reais da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. In www.apha.pt/boletim, nº4, Dezembro de 2006 (Associação Portuguesa de Historiadores de Arte), p.10.
Anotadores: J.A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães
Profissão/cargo: Historiador-Arqueólogo – Director do Solar Condes de Resende; Historiadora-Arqueóloga - Técnica Superior de História da GAIANIMA, E.M., Solar Condes de Resende.
Data: 18 de Janeiro de 2008
Copyright: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.