segunda-feira, 28 de abril de 2008

Eça & Outras

ACADEMIA EÇA DE QUEIRÓS

Após a aprovação do seu regulamento na Assembleia Geral dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana no passado dia 27 de Março e encontrando-se ainda na fase de instalação, a Academia Eça de Queirós promove os seus primeiros cursos livres, em colaboração com a Gaianima, EM e o Solar Condes de Resende: a partir de 8 de Maio o curso de Pintura e Expressão plástica, dirigido pelo pintor Ariosto Madureira formado pela Faculdade de Belas Artes do Porto e, em Junho um outro sobre Arte Rupestre européia ministrado por Fernando Coimbra, doutorado por Salamanca. As inscrições para ambos podem ser feitas no Solar Condes de Resende.

Eça & Outas

Os Maias PELO TEP

Pelo quinto ano consecutivo o Teatro Experimental de Porto, há anos sediado em Vila Nova de Gaia, repôs em cena «Os Maias - Crónica Social Romântica», tendo já tido 185 representações a que assistiram 44.168 pessoas, numa média de 239 por sessão e visto por cerca de 300 escolas de 90 concelhos de todo o país. Só este ano já teve 42 novas representações a que assistiram 10.780 espectadores, numa média de 257 por sessão (do comunicado de Imprensa n.º 476 do TEP).

Os Maias de cor!

Segundo um artigo de Luís Pedro Cabral publicado na Única (Expresso) a 16 de Fevereiro passado, Duarte de Resende, morador no Porto e que se diz parente da Rainha Isabel II e do Duque de Edimburgo, logo do Príncipe Carlos e de seus filhos, já leu Os Maias 34 vezes e sabe o livro de cor!

“Vamos n’Eça”

Um grupo de professores da Escola Secundária Serafim Leite de S. João da Madeira promoveu entre os dias 4 e 12 de Abril o segundo Theatrus@ser.com, com a presença de dez grupos dramáticos escolares que apresentaram nos Paços da Cultura locais algumas teatralizações relacionadas com a vida e obra de Eça de Queirós.
Do programa constou ainda um encontro com o Professor Carlos Reis, reitor da Universidade Aberta, especialista em Eça e, já agora, que ao assunto voltaremos, defensor do Acordo Ortográfico como certamente o próprio escritor o seria, até porque, antes de o tentarem “empalhar” como peça de museu, foi acusado de encher a língua portuguesa de estrangeirismos!

Eça em Londres

A London Review of Books publicou recentemente um artigo de Michael Wood sobre a mais recente tradução inglesa de Os Maias que já referimos aqui na E &O.
Nos dias de hoje já qualquer inglês pode ler aquela obra prima do nosso antigo cônsul em Bristol, saboreando uns pasteis de Belém com um bom Porto envelhecido nos armazéns de Gaia, a única bebida que vai bem com aquelas páginas imortais.

Eça & Outras


RENTES DE CARVALHO EM PORTUGAL

No passado dia 5 de Abril o escritor e professor J. Rentes de Carvalho proferiu uma conferência no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, subordinada ao tema “Portugal - Holanda, dois Mundos”.
Aquele museu quis assim «prestar uma homenagem ao Homem e ao Escritor por ocasião da celebração dos 40 anos da sua carreira literária, firmada com o lançamento do romance Montedor» em 1968. Na ocasião o conferencista e a sua obra foram apresentados pelo Dr. Nelson Campos, o responsável por aquela instituição.
Entretanto no Solar Condes de Resende a Confraria Queirosiana tem à disposição dos interessados um fundo documental sobre a vida e obra deste escritor, constituído por várias edições dos seus romances e guias de viagem em português e neerlandês, livros de outros autores que lhe pertenceram, incluindo a sua queirosiana, documentos e objectos pessoais, além de correspondência e colaboração em jornais e revistas, estando em elaboração o respectivo catálogo que deverá em breve ser disponibilizado na net.
Entretanto as Edições Gailivro, que tinham anunciado a edição das obras do escritor a partir de Janeiro passado, com a sua entrada para um novo grupo editorial peninsular, parece que abandonaram esta idéia. Se esta nova empresa crescer pela Europa fora, quando chegar à Holanda já lá encontrará publicadas as obras de Rentes de Carvalho, algumas delas com mais de uma dezena de edições. Aí, não valerá a pena editar nada, que este autor já lá tem editor capaz.
Alguns dos seus romances estão à venda na loja do Solar Condes de Resende.


Legenda: Rentes de Carvalho em Moncorvo

Eça & Outras

Eça é Deus!

Numa entrevista telefónica concedida ao jornal Portugal Diário a 20 de Fevereiro deste ano, o escritor brasileiro José Alpoim, filho de mãe portuguesa de Viseu e de pai japonês, declarou que era admirador da literatura portuguesa e que, para si, «Eça é Deus».
Este autor, praticamente desconhecido em Portugal, figura no Guiness Book of Records por ter escrito já 1076 livros. Com 61 anos de idade vive em Gonçalves, Minas Gerais, tendo chegado a escrever três livros por dia. Formado em Medicina e especialista em cirurgia toráxica, em 1986 trocou esta actividade pela de escritor de títulos como E Agora? Presidente; Saga e Vencendo o desafio de escrever um romance, devendo sair em breve O Fruto do Ventre, «com mais de quinhentas páginas com muito suspense e acção». A escrever assim, não admira que considere divino Eça de Queirós, que pensava, reflectiva, escrevia, reescrevia, emendava, reemendava, reelaborava as suas obras, aproximando-as da perfeição, talvez com o receio de que delas dissessem: muita parra, pouca uva, pouco vinho. Supomos que Eça não consta no Guiness.
(Texto elaborado a partir de Caetano, Filipe, Portugal Diário 16/02/2008 e fille:// G:/Eça é Deus! htm, 28.03.2008).

Eça & Outras


OS JANTARES E A GASTRONOMIA QUEIROSIANA



O tema começou a evidenciar-se na década de oitenta do século passado, mas veio para ficar. Em tempos recentes uma professora de uma escola de hotelaria contactou a Confraria Queirosiana para que disponibilizasse informações sobre um “jantar queirosiano” tendo esta entidade sugerido as seguintes leituras: Dicionário Eça de Queiroz.Lisboa: Editorial Caminho, organização e coordenação de A. Campos Matos, 1988, entrada «Alusões alimentares», de Andrée Crabbé Rocha, também publicada em Cadernos de Literatura, Coimbra 1981, com o título «Um motivo obsidiante na narrativa queirosiana»; ALVES, Dário Moreira de Castro (1992) - Era Tormes e Amanhecia. Dicionário gastronómico cultural de Eça de Queiroz. Lisboa: Livros do Brasil, 2 vol; Comer e beber com Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: Editorial Índex, 1995, com textos de Beatriz Berrini, «Eça de Queiroz e os prazeres da mesa» e receitas de Maria de Lurdes Modesto; GOES, Maria Antónia (2004) - À Mesa com Eça de Queirós. Sintra: Colares editora; GUIMARÃES, J. A. Gonçalves (2006) - «Existe uma Gastronomia Queirosiana?». In Actas do Congresso “Saberes e Sabores”. Vila Real: Delegação Regional do Norte do Ministério da Cultura.
Mas como os “jantares queirosianos” não são apenas comida e bebida, mas sobretudo convívio, charme, cultura, humor e preocupação social, talvez os melhores sejam aqueles que Eça partilhou com “Os Vencidos da Vida” e, nesse caso, convém ler também alguma sua biografia, sendo a mais recente a de MÓNICA, Maria Filomena (2001) - Eça de Queirós. Lisboa: Quetzal Editores, e para os jantares familiares, Eça de Queiroz/Emilia de Castro. Correspondência Epistolar. Porto: Lello Editores, 2.ª edição, 1996.
Entretanto chegou ao nosso conhecimento que o médico brasileiro Dagoberto de Carvalho, natural do Piauí, mas residente em Pernambuco, autor de Eça de Queiroz - Retratos de Memória e A Cidadela do Espírito - considerações sobre a Arte Sacra em Eça de Queiroz, acaba de publicar Da boa mesa com Eça de Queiroz, que ainda nos não chegou.

Legenda: Gravura publicada in The Lady’s Realm, Novembro de 1910.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A Jóia do Mês de Abril


A Jóia do Mês
do Solar Condes de Resende
Abril de 2008 (nº 16)


Designação: Breviário
Materiais: Papel, tinta, couro e latão.
Dimensões: 5x7,5x3,5 cm
Função: Religiosa
Autor/ Oficina: Desconhecidos
Local de produção: Roma?; Bruxelas?
Cronologia: séc. XVII, 2ª metade
Proveniência: Oferecido à Colecção Marciano Azuaga por Manoel Joaquim Correa da Gama Junior
Estado de conservação: Razoável
Intervenções: Não teve
Fundo: Colecção Marciano Azuaga,
Data da incorporação: Anterior a 1934
Nº inventário: 2230-158
História da peça: Breviário de bolso, com 30+698+4 páginas, impressas a preto e vermelho, com gravuras abertas em folha de cobre impressas naquelas tintas. As folhas medem 7x4,2 cm e as letras impressas 1 milímetro, apresentando cada folha 27 linhas encimadas pelo título de capítulo e o número da página (excepto nas não numeradas) e um rodapé, tudo enquadrado por filetes muito finos. A capa é de couro castanho, com ferros dourados e dois fechos de couro e latão. O conjunto das folhas apresenta-se pintado de vermelho nos lados não escondidos pela lombada.
Apresenta-se sem folha de rosto, abrindo com uma Bula do Papa Urbano VIII datada de Roma, 25 de Janeiro de 1631, e outra do mesmo papa e cidade de 14 de Agosto de 1641, a que se segue um privilégio de Filipe VI de Espanha datado de Bruxelas de 9 de Julho de 1641. Seguem-se várias tábuas cronológicas e calendário para 1582, os meses do ano e os santos de cada dia, o credo e outras orações para diversos ofícios e ocasiões, tudo em Latim. Termina com o Index Eorvm quae in hoc volvmine continentvr.
Bibliografia: Desconhecida; ver, contudo, DIAS, Geraldo A. Coelho Dias – “Liturgia e Arte: diálogo exigente e constante entre os beneditinos”. In Revista da Faculdade de Letras – Ciências e Técnicas de Património. I Série, vol. 2, pp. 291-310. Porto, 2003 e lerletras.up.pt/uploads/ficheiros/2920.pdf.
Anotadores: J.A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães
Profissão/cargo: Historiador-Arqueólogo – Director do Solar Condes de Resende; Historiadora-Arqueóloga - Técnica Superior de História da GAIANIMA, E.M., Solar Condes de Resende.
Data: 28 de Março de 2008
Copyright: Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

3.º FORUM INTERNACIONAL DE SINOLOGIA

Entre 14 e 16 de Fevereiro decorreu em Lisboa na Delegação Comercial de Macau o 3.º Fórum Internacional, este ano dedicado ao Desporto devido à realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. Organizado pelo Instituto Português de Sinologia, de que é presidente da Direcção a Professora Doutora Ana Maria Amaro, na sessão de abertura J. A. Gonçalves Guimarães apresentou o segundo número de Zhongguo Yanjiu - Revista de Estudos Chineses, inteiramente dedicado a estudos sobre Macau (ver texto publicado no Das Artes Das Letras de 3 de Março de 2008, intitulado Macau e o deserto). As sessões continuaram depois entre 20 e 23 de Fevereiro no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia. De entre os investigadores presentes, muitos dos quais vindos das mais diversas universidades estrangeiras, apresentaram comunicações os seguintes sócios dos ASCR-CQ: J. A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães “O Núcleo chinês da Colecção Azuaga: o coleccionismo como lazer” e Luís Manuel de Araújo “Jogo e desporto no Antigo Egipto: estudo comparativo com os jogos chineses. O problema da origem do futebol”.
No próximo dia 12 de Abril será inaugurada no Solar Condes de Resende uma exposição de Instrumentos Musicais Tradicionais Chineses, em colaboração com a Embaixada da República Popular da China e daquele Instituto.

Eça & Outras

QUEIROSIANOS DISTINGUIDOS

No passado dia 28 de Janeiro, a Universidade de Salamanca no dia do seu padroeiro, S. Tomás de Aquino, atribuiu o Prémio Extraordinário de Doctorado à tese “A suástica em Portugal e na Galiza desde a Idade do Bronze ao final do Período Romano: problemática da origem e da interpretação” ali apresentada em 2006 por Fernando Augusto Coimbra.
A revista International Zoo News, 2007, classificou o Parque Biológico de Gaia como «provavelmente o melhor zoo de Portugal». É seu director desde a fundação Nuno Fernando da Ascensão Gomes Oliveira.

Eças & Outras

AQUISIÇÕES QUEIROSIANAS

Entretanto a exegese crítica da prosa queirosiana a partir dos seus manuscritos tem um valioso e recente contributo. Aquando da realização da Exposição Aquisições Queirosianas na Biblioteca Nacional, que ali esteve em mostra entre 20 de Setembro e 27 de Outubro passados, foi editado um livro com o mesmo título, apresentado por Jorge Couto, coordenado por António Brás de Oliveira e Irene Fialho, com textos de Jorge Couto, Isabel Pires de Lima, Carlos Reis, A. Campos Matos, Irene Fialho e Manuel M. C. Vieira da Cruz sobre os manuscritos queirosianos adquiridos durante trinta anos por aquela instituição.
A sua correcta transcrição e estudo são fundamentais para a veracidade queirosiana dos textos que correm impressos com o seu nome, tarefa essa a que se tem devotado a equipa dirigida por Carlos Reis.
Uma versão desta exposição, promovida entretanto pela Dr.ª Isabel de Sousa, da Biblioteca Municipal de Espinho, esteve recentemente exposta ao público na Piscina da Granja, devendo ser em breve mostrada no Solar Condes de Resende, em cuja loja pode ser adquirido aquele livro.

Eça & Outras

Sem uma valsa

Em Outubro de 2006 a Campo das Letras editou Cem anos sem uma valsa. Romance queirosiano de Manuel Córrego, uma recriação literária em torno de Genoveva, a personagem queirosiana de A Tragédia da Rua das Flores e de Emília, a mulher do escritor e onde se lê «Sei que a minha vez há-de chegar. Esperarei nem que seja cem anos. Cem anos sem uma valsa! Quero estar presente quando dele se disser, “Eça de Queirós é uma compensação à decadência de Portugal”».

Eça & Outras

Eça na crista da onda

Voltando ao tema do texto base da página Eça & Outras de 25 de Fevereiro passado, ou seja, Eça para crianças, recordemos aqui o livrinho sobre a biografia do escritor, da autoria de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, com ilustrações de Pedro Cabral Gonçalves, Clara Vilar e Carlos Marques, publicado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas na colecção “Na crista da onda” em 2004, com texto e ilustrações agradáveis. Só é pena conterem alguns erros históricos que enganam o jovem leitor. Entre outros, a primeira associação de ciclistas em Portugal não nasceu em 1899, como ali se diz, pois em 1894 já existia no Porto o Real Velo Clube; a Torre Eiffel não foi construída para a Exposição de Paris de 1900, mas sim para a de 1889! Curiosamente na pagina 19 deste livrinho uma ilustração põe Eça e Emília em lua-de-mel em Paris a olharem para a torre em 1886! E outras asneiras se podem ainda colher em livro tão bonito que bem merecia outro cuidado nestes “pormenores” que os literatos se acham dispensados de observar e que se chama rigor histórico.

Eças & Outras

AS MEMÓRIAS DE D. MARIA Augusta d’Eça d’Alpuim

Ele há as grandes edições de bons e maus autores, os livros que ficam e a literatura que esquece. Ele há também aquelas obras pessoais, confidencias ou memórias, normalmente em pequenas e modestas edições, de autor ou da câmara municipal lá da terra. Também aqui há bom, mau e assim assim. Mas, às vezes, livros muito honestos porque são, e apenas querem ser, as memórias pessoais de quem os escreve, para apenas as partilhar com os outros. Antes que se percam.
Está neste caso o livro Os Eças. Memórias, de Maria Augusta d’Eça d’Alpuim, edição da autora de Viana do Castelo, 1992, mas que só agora me chegou às mãos através de seu sobrinho João Alpuim Botelho.
Com um simpático prefácio de Artur Anselmo, que lhe chama «uma guloseima para os queirozianos mais exigentes», nestas suas memórias a autora aborda pessoas, e respectivas circunstâncias, tão interessantes como a família materna de Eça de Queirós e vários dos seus membros, de quem apresenta uma genealogia, passando entretanto pelos Pereira d’Eça, a Torre de Belém, Moçambique, o castelo de Viana, Júlio Dantas, Luís Arenas de Lima, Ana de Castro Osório, Leal da Câmara, André Brun, Norton de Matos, a filha de Guerra Junqueiro, Bernardino Machado, Antero de Figueiredo e muitos outros.
Não deixando de abordar as especiais circunstâncias do nascimento de Eça de Queirós, ainda recentemente polemizadas por Agustina Bessa Luís, José Hermano Saraiva e António Benedito Eça de Queirós, nesta obra através da visão da família materna, sobre a biografia do escritor apresenta algumas das confusões habitualmente repetidas, mas nem por isso menos erradas. Assim, Luís Benedito de Castro de Sousa Holstein, 5.º conde de Resende, com quem Eça foi ao Egipto em 1869, irmão de Emilia, futura mulher do escritor, nunca foi seu cunhado, pois morreu antes do casamento; o cunhado de Eça foi o 6 .º conde de Resende, Manuel de Castro Pamplona; Eça casou na capela particular da Casa de Santo Ovídio, que não era exactamente um oratório, mas uma verdadeira capela, entretanto já demolida. À data da “constituição” dos Vencidos da Vida, os seus membros que receberam títulos ainda não os tinham, como é o caso de Luís de Soveral, que só foi marquês em 1901; como muitos outros autores, alguns com mais responsabilidades, a autora exagera na importância da Quinta de Santa Cruz do Douro na vida e obra de Eça, dizendo que o facto de Emília a herdar «... veio proporcionar ao escritor um contacto com a Natureza que nunca tivera e que se reflecte nos seus últimos livros» (op. cit. p. 155). Então e o contacto com a dita em Verdemilho, Aveiro, em criança? E na Quinta de Santo Ovídio, então completamente rural, bem assim como os arredores da cidade do Porto durante a juventude? E Coimbra e os campos do Mondego? E Leiria? E Évora? E os passeios pelo Minho e Douro Litoral com os amigos? Eça era com certeza um citadino, mas, desde muito novo, que conheceu em pormenor o mundo rural; por fim, segundo o Dicionário de Eça de Queiroz; organização e coordenação de A. Campos Matos. Lisboa: Editorial Caminho, 1988, p. 194/195, Eça de Queiroz terá morrido de uma amebíase e não de tuberculose.
Mas tirando estes erros, que a autora foi buscar à biografia escrita por João Gaspar Simões, ou a outras, já corrigidas pelos estudos mais recentes, o livro tem na realidade interesse por muitos pormenores relacionados com aquelas personalidades que se cruzaram no seu caminho ou no das suas memórias familiares.